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Marte expulsa perfuratriz do solo

Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/11/2019

Marte expulsa perfuratriz do solo
Depois de entrar totalmente no solo, empurrada pelo braço robótico, a Toupeira foi simplesmente "ejetada" de volta.
[Imagem: NASA/JPL]

Toupeira de Marte

Engenheiros e técnicos da NASA e da DLR (Agência Espacial Alemã) estão se descabelando para tentar salvar um dos instrumentos mais importantes da missão InSight.

A nave estacionária é a mais recente missão a Marte, tendo descido no planeta vermelho há exatamente um ano, com o objetivo de estudar as entranhas do planeta - em Abril deste ano ela detectou o primeiro martemoto.

Além de um radiômetro para medir a temperatura da superfície, o componente principal da sonda é conhecido como "Toupeira de Marte", uma perfuratriz de 40 centímetros de comprimento projetada para ir entrando solo abaixo para medir o fluxo de calor do interior de Marte a uma profundidade de vários metros - não se trata de uma broca, mas de um sistema de penetração por martelamento, que foi escolhido por ser mais simples e mais leve.

Marte expulsa perfuratriz

A ferramenta começou a martelar em fevereiro de 2019. Ela ficou presa no solo logo no início, por isso os engenheiros usaram o braço robótico da InSight para dar uma forcinha e ajudá-la a enfiar-se chão abaixo, o que permitiu inseri-la quase completamente na superfície marciana em outubro passado. A expectativa era que, daí por diante, ela continuasse penetrando sozinha.

Contudo, assim que o braço robótico foi levantado, a perfuratriz começou um recuo repentino e inexplicado, o que resultou em que quase metade da Toupeira saiu do regolito marciano, como se o solo a estivesse expulsando.

Como a InSight é fixa, não dá para tentar perfurar em outro lugar. Além disso, a equipe está quase certa de que a sonda não conseguiu cavar porque o solo não fornece atrito suficiente - qualquer lugar que a Toupeira tentasse perfurar provavelmente apresentaria o mesmo problema.

A maioria da equipe também aposta que não é uma pedra no subsolo que fez com a Toupeira retrocedesse. O local de pouso - Elysium Planitia - foi selecionado em parte porque possui muito poucas rochas visíveis, o que implica poucas rochas subterrâneas. E a perfuratriz é forte o suficiente para empurrar pequenas pedras e foi projetada para contornar rochas de tamanho médio - qualquer coisa com menos de 10 centímetros de diâmetro.

Marte expulsa perfuratriz do solo
Esquema da Toupeira de Marte.
[Imagem: DLR]

Esperanças quase enterradas

Como não é possível replicar a gravidade mais baixa de Marte, os engenheiros estão trabalhando em réplicas do instrumento com pesos menores, equivalentes aos que eles teriam lá, mas isso não permite reconstruir um aparelho que tenha aqui a mesma potência que o instrumento real, de forma que não está ajudando muito.

Outro auxílio está vindo do detector de terremotos marcianos, que, em vez de martemotos, fica escutando as pancadas da Toupeira para ver se consegue detectar algum defeito. Até o momento, a equipe não viu evidências de que o mecanismo de martelamento esteja danificado.

Embora esteja longe de ser um consolo pela perda da chance de estudar o interior da planeta, o defeito está trazendo novas informações sobre o solo marciano. A Toupeira foi projetada tendo em vista os solos arenosos e soltos vistos pelos rovers Spirit e Opportunity. O solo sob a InSight é mecanicamente diferente. A formação do poço ao redor da sonda, a resistência do poço ao colapso e a curiosa autoextração do aparelho são surpreendentes e serão investigadas pela equipe científica da InSight para revisar a compreensão da formação e as variações do solo marciano.

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