Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/01/2022
Carbonos de Marte
O robô Curiosity pousou em Marte em agosto de 2012 e, desde então, vem percorrendo a Cratera Gale coletando amostras e enviando os resultados para que os pesquisadores os interpretem aqui da Terra.
"As quantidades de carbono 12 e carbono 13 em nosso Sistema Solar são as quantidades que existiam durante a sua formação," explicou o professor Christopher House, da Universidade do Estado da Pensilvânia. "Ambos existem em tudo, mas como o carbono 12 reage mais rapidamente que o carbono 13, observar as quantidades relativas de cada um nas amostras pode revelar o ciclo do carbono".
Mas isso não tem sido uma tarefa fácil.
A análise espectrográfica do carbono coletado pelo Curiosity mostrou uma ampla faixa de quantidades de carbono 12 e carbono 13 dependendo de onde ou quando a amostra original se formou. Algumas amostras são excepcionalmente pobres em carbono 13, enquanto outras amostras são muito ricas no isótopo.
Explicações para o carbono de Marte
A análise dos isótopos de carbono nas amostras de sedimentos retiradas de seis locais, incluindo um penhasco exposto, deixou os pesquisadores com três explicações para a origem do carbono, todas plausíveis.
São elas: Poeira cósmica, degradação ultravioleta do dióxido de carbono ou degradação ultravioleta de metano biologicamente produzido.
A última seria largamente a mais interessante, mas ainda não há elementos suficientes para colocá-la como a preferencial.
"As amostras extremamente empobrecidas em carbono 13 são um pouco como amostras da Austrália retiradas de sedimentos com 2,7 bilhões de anos," disse House. "Essas amostras foram produzidas por atividade biológica quando o metano foi consumido por antigos tapetes microbianos, mas não podemos dizer que isso necessariamente aconteceu em Marte porque é um planeta que pode ter se formado de materiais e processos diferentes da Terra."
O Curiosity ainda está coletando e processando amostras e, devido aos resultados, retornará ao local onde encontrou algumas das amostras analisadas agora em cerca de um mês, o que permitirá aferir os resultados.
"Todas as três possibilidades apontam para um ciclo de carbono incomum, diferente de tudo na Terra hoje," disse House. "Mas precisamos de mais dados para descobrir qual destas é a explicação correta. Seria bom se o rover detectasse uma grande pluma de metano e medisse os isótopos de carbono dela, mas, embora existam plumas de metano, a maioria é pequena e nenhum rover até agora amostrou uma grande o suficiente para que os isótopos fossem medidos."