Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/09/2023
Como destruir químicos eternos
Produtos químicos perigosos para a saúde humana e para a natureza, comumente chamados de "químicos eternos", por não se degradarem naturalmente, na verdade podem não ser assim tão duradouros.
Em vez de "serem deixados pra lá", porque pode parece que nada há a se fazer com uma substância que ameaça durar para sempre, na verdade há modos de lidar com esses compostos danosos e evitar sua contaminação.
E um desses modos pode ser tão simples quanto uma moagem, ou trituração.
Kapish Gobindlal e colegas da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, focaram sua atenção especificamente nos compostos químicos chamados PFAS (substâncias per e polifluoroalquil), que não se decompõem naturalmente e, em certos níveis, têm sido associados a cânceres, redução da fertilidade, danos ao fígado e outros efeitos adversos à saúde.
Existem milhares de versões desses produtos químicos, que resistem à água, ao óleo e ao calor, estando presentes das panelas antiaderentes às embalagens de hambúrguer, caixas de pizza e roupas impermeáveis.
Embora estejam espalhados pelo ambiente, existem também áreas de grande contaminação, como no entorno de aeroportos, bases militares e refinarias de petróleo, devido ao uso no combate a incêndios das chamadas "espumas aquosas formadoras de filme", que contêm PFAS, para cobrir e abafar incêndios de líquidos inflamáveis.
Fim dos tempos para os químicos eternos
Trabalhando com solos retirados de um local de alta contaminação, usado para o treinamento de combate a incêndios, Gobindlal descobriu que um equipamento simples, chamado moinho de bolas, largamente usado em mineração, destruiu de 99,88 a 100% dos PFAS presentes nas amostras de solo.
Um moinho de bolas é um triturador formado por um cilindro giratório, onde o material que se deseja moer é misturado com "bolas", geralmente esferas de aço ou outro material muito duro. Não é muito diferente de socar algo em um pilão, mas, ao girar, as bolas se movem em velocidades muito elevadas, gerando impactos suficientes para degradar o PFAS em nível molecular.
É possível usar aditivos para melhorar o resultado, mas a equipe queria manter os custos baixos, por isso usou areia de quartzo como parte da moagem dos restos de espuma de combate a incêndios. Para o solo, nenhum aditivo foi necessário. Os PFAs também foram destruídos pelo moinho de bolas quando misturados com carbono ativado, que é um material comumente usado para extrair esses químicos eternos da água.
"Estabelecemos uma prova de conceito e acreditamos que este método pode ser ampliado de forma mais rápida e barata do que as alternativas", disse Gobindlal, destacando a existência de milhares de locais contaminados, um número que deverá aumentar agora que o problema virou uma questão de saúde pública e regulamentações estão sendo feitas no sentido de exigir a remediação desses locais.