Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/09/2012
Bolhas explosivas
Quando você aquece a água para o café, as bolhas formadas pela fervura, subindo pela água, parecem simpáticas e inofensivas.
Mas sob alta pressão - no interior de uma caldeira industrial, de uma usina termoelétrica ou de um reator nuclear - mesmo as menores bolhas podem causar explosões, destruindo equipamentos e vidas.
Isso explica a importância da descoberta feita por Ivan Vakarelski, da Universidade de Ciência e Tecnologia Rei Abdullah, da Arábia Saudita.
Inspirando-se em um fenômeno tão trivial quanto uma gota de água pingando sobre uma frigideira quente, os pesquisadores desenvolveram um tipo de aço super-hidrofóbico - com altíssimo nível de repelência à água - que evita a formação de bolhas durante a fervura.
Efeito Leidenfrost
Quando uma superfície metálica - como uma frigideira - fica quente o suficiente, pingos de água que caiam sobre ela não terão tempo de formar uma poça. Em vez disso, eles vão "pipocar", saltando e deslizando, graças ao efeito Leidenfrost.
Descrito em 1756 por Johann Gottlob Leidenfrost, o fenômeno explica como se forma uma camada de vapor na porção inferior da água assim que ela toca a superfície quente.
Essa camada de vapor funciona como um "colchão" de alta pressão que impede que a água ainda em estado líquido toque a frigideira, transformando todo o líquido em vapor sem formar bolhas.
É possível ver as consequências das bolhas - não faça isso em casa - despejando água o suficiente para resfriar a frigideira.
Em um determinado ponto, a temperatura não será alta o suficiente para formar o colchão de vapor e a água conseguirá tocar a superfície quente. Ela então ferverá, formando bolhas, e causando uma verdadeira explosão de água fervente.
Aço super-hidrofóbico
Vakarelski decidiu imitar o colchão de vapor criando uma superfície de aço com nanoestruturas superficiais que o tornaram altamente repelente à água, ou super-hidrofóbico - observe que o aço normal já é repelente à água.
Em termos técnicos, ele estabilizou o filme de vapor de Leidenfrost.
Com isto, o calor pode ser transferido para um líquido dentro do recipiente sem causar bolhas e, portanto, sem riscos de explosão - no experimento, os cientistas fizeram o contrário, colocando esferas e bastões de aço, devidamente superaquecidos, dentro de um recipiente com água.
Segundo a equipe, além de evitar as explosões, essas novas superfícies poderão ajudar a reduzir o desgaste dos metais e melhorar a transferência de calor em usinas e indústrias.
Outras possibilidades de aplicação incluem reduzir o arrasto de navios e permitir a criação de superfícies anticongelantes.