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Espaço

Sonda mergulha na atmosfera de Vênus

Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/10/2010

Venus Express mergulha na atmosfera de Vênus
A atmosfera de Vênus vai da superfície até uma altitude de 250 km. Durante o mês de Abril a Venus Express mergulhou rapidamente até aos 175 km acima da superfície do planeta.
[Imagem: ESA]

A atmosfera polar de Vênus é mais fina do que o esperado.

Como descobrimos? Porque a sonda Vênus Express, da ESA (Agência Espacial Europeia), esteve lá.

E, em vez de ficar espreitando a partir da órbita, a Vênus Express passou raspando sobre as camadas superiores da venenosa atmosfera do planeta - algo para o que ela não havia sido projetada.

Vida da missão

Uma equipe conduzida por Ingo Mueller-Wodarg, do Imperial College, Londres, está agora investigando o fenômeno.

O objetivo era medir a densidade da atmosfera polar superior, uma experiência que nunca tinha sido feita no planeta Vênus.

A densidade é uma informação essencial para os controladores da missão, que estão analisando a possibilidade de levar a nave espacial até uma órbita ainda mais baixa na atmosfera, de forma a prolongar a vida da missão.

"Seria perigoso mandar a nave espacial mergulhar na atmosfera antes de perceber a sua densidade," diz o membro da equipe Pascal Rosenblatt, do Observatório Real, na Bélgica.

Foram feitas dez medições até agora, que mostraram que a atmosfera por cima dos pólos é 60% mais fina do que o previsto. Isto pode indicar que lá ocorrem processos naturais que não estavam previstos.

Nave girando

O fato de a Vênus Express poder fazer estas medições é extraordinário. A nave não foi concebida para isto e por isso não tem instrumentos capazes de recolher diretamente amostras da atmosfera.

Em vez disso, estações de rádio na Terra analisam o rastro que a nave deixa à medida que mergulha na atmosfera e é desacelerada pelo equivalente venusiano à resistência do ar.

Além disso, os operadores do Centro Espacial de Operações da ESA em Darmstadt, Alemanha, giraram os dois painéis solares, colocando-os em posições opostas, para que a resistência fizesse a nave rodar.

Tal como a baixa densidade, o rodar da nave também mostra uma mudança de densidade do dia para a noite.

Fim do combustível

Estas medições podem ajudar a fazer alterações na órbita da Vênus Express, aumentando o tempo que a nave demora para dar a volta ao planeta e oferecendo novas oportunidades para medições científicas.

A órbita elíptica atual demora 24 horas, em loops que vão dos 250 aos 66 mil quilômetros.

Quando a Vênus Express está longe do planeta, ela é desviada ligeiramente do seu curso pela gravidade solar. Assim, a cada 40 a 50 dias, os motores têm de ser ligados para compensar o desvio.

O combustível para fazer isto irá acabar em 2015, a não ser que a órbita da nave possa ser diminuída, usando a atmosfera de Vênus para retardar a nave. Esta é uma operação delicada e potencialmente perigosa e por isso não pode ser apressada.

"O calendário ainda está em aberto porque falta completar uma série de estudos", diz Hakan Svedhem, cientista da ESA para a Vênus Express. "Se as nossas experiências mostrarem que podemos levar a cabo estas manobras com segurança, então poderemos baixar a órbita no início de 2012."

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