Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/03/2007
Temperatura média global
Coroando décadas de debate sobre o aquecimento global, um relatório recentemente lançado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), e assinado por 2.500 pesquisadores de 130 países, afirma que há 90% de chances de que o aumento de temperatura verificado na Terra seja causado pela ação do homem.
Segundo o relatório de 1.600 páginas, a temperatura média global subiu cerca de 0,7º C entre 1901 e 2005.
Mas as divergências entre os cientistas começam justamente nesse indicador, que presume reunir em um único número todas as temperaturas de todo o planeta.
Agora, um grupo de cientistas dinamarqueses e canadenses acaba de publicar um artigo afirmando que o conceito de uma temperatura média global é impossível tanto do ponto de vista matemático quanto do ponto de vista termodinâmico. Ou seja, segundo esses pesquisadores, o relatório que virou manchete em todos os jornais do mundo inteiro se baseia em um indicador que nada tem de científico. E eles fundamentam bem seus argumentos.
Média sem sentido
A temperatura média do planeta é obtida tomando-se a temperatura do ar medida por inúmeras estações meteorológicas ao redor do mundo, atribuindo um peso a cada uma correspondente à área que elas representam; a seguir é calculada a média desses valores - pelo método tradicional de se somar todos os valores e dividir a soma pela quantidade de pontos de medição.
"Uma temperatura somente pode ser definida para um sistema homogêneo," explica o Dr. Bjarne Andresen, da Universidade de Copenhague, Dinamarca, um dos autores do artigo. "Além disso, o clima não é governado por uma única temperatura. Pelo contrário, são diferenças de temperaturas que dirigem os processos e criam as tempestades, correntes marítimas, trovões, etc. que caracterizam o clima."
Segundo Andresen, até faz sentido falar-se em média de temperatura localmente, mas "uma média de temperatura global beira ao absurdo". O globo é formado por uma quantidade inumerável de componentes que não se pode simplesmente somar e extrair uma média, defende ele.
Taxa de câmbio
Em uma comparação com a economia, os cientistas afirmam que também é significativo falar-se da taxa de câmbio entre dois países. Mas uma "taxa de câmbio global" não faz nenhum sentido.
Se a temperatura sobe em um local e cai em outro, a pretensa temperatura média global não mostrará nenhuma alteração, embora os climas nos dois locais sofram modificações. Por exemplo, se, num determinado ano, a temperatura média é de 10 graus no ponto A e de 40 graus no ponto B, a média será de 25 graus. Se, no ano seguinte, a temperatura nos pontos A e B ficar em 25 graus, a temperatura média será a mesma, mas os pontos A e B terão tipos de clima radicalmente diferentes em relação ao ano anterior.
Tipo de Média
Um outro problema com o conceito de temperatura média global é que há vários métodos matemáticos para se calcular uma média.
O método utilizado no relatório do IPCC é a média aritmética. Tome-se, por exemplo, dois copos iguais, cheios de água. O primeiro com a água a 0º C e o segundo com a água a 100º C. A temperatura média dos dois será de 50º C.
Mas o resultado será diferente se for utilizado o conceito de média geométrica. Tomando-se o mesmo exemplo dos dois copos, os valores de suas temperaturas deverão ser multiplicados e elevados ao quadrado. O cálculo, que é feito em graus Kelvin e depois convertido para graus Celsius, vai resultar em uma temperatura média de 46º C.
O que parece ser uma "mera diferença de 4 graus" é na verdade uma magnitude que explica a maioria dos processos climáticos da Terra, inclusive os tufões, o El Niño e todas as correntes marítimas.
Aumento do nível do mar
Recentemente, o pesquisador brasileiro Jefferson Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, também apontou inconsistências nas conclusões sobre as mudanças climáticas. Segundo ele, a Antártica não está derretendo e aquele continente contribui minimamente para o aumento no volume dos oceanos observado nos últimos anos.
"[...] é bom ressaltar que é uma parte muito pequena do gelo do planeta que está derretendo - exatamente 0,7% do volume total do gelo - e a participação do gelo antártico nesse percentual é mínima," afirmou Simões.
"As pessoas confundem gelo marinho - mar congelado - com gelo de geleiras. O mar congelado, como o iceberg, não afeta o nível do mar. Tem impactos ambientais climáticos significativos, mas não no nível do mar. O aumento no nível das águas do mar está relacionado em 70% ao derretimento das geleiras e em 30% à expressão térmica do mar", disse ele durante o 1º Simpósio Brasileiro de Mudanças Ambientais Globais, realizado há duas semanas no Rio de Janeiro.
Com a palavra, os 2.500 cientistas que assinaram o documento do IPCC, também subscrito pela ONU.