Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/06/2023
Raios gerados por vulcões
A pluma de gases, poeira e rochas lançadas na atmosfera pela erupção do vulcão Hunga criou a maior intensidade de relâmpagos já registrada na Terra - mais intensos e numerosos do que qualquer tempestade já documentada.
O Hunga é um vulcão submarino localizado em Tonga, na Oceania, e entrou em erupção em 15 de Janeiro de 2022.
"A erupção do vulcão Hunga foi a maior explosão vulcânica desde o Cracatoa, em 1883," disse Sonja Behnke, do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos EUA.
Erupções vulcânicas mais fortes produzem plumas de cinzas que podem criar seus próprios sistemas climáticos locais, proporcionando as condições para a ocorrência de raios em altitudes mais elevadas do que as normalmente vistas nas tempestades.
A pluma do Hunga subiu 40 km mais alto do que uma tempestade típica, gerando relâmpagos em altitudes estratosféricas, entre 20 e 28 km, onde a pressão do ar é baixa demais para produzir relâmpagos semelhantes a tempestades.
Assim, a hipótese dos cientistas é que essa pluma vulcânica de rápida ascensão pode ter criado pressões localmente mais altas, sustentando o ambiente necessário para a ocorrência de raios.
Depois de atingir sua altura máxima, a pluma se expandiu como uma nuvem guarda-chuva, criando ondulações circulares em movimento rápido, conhecidas como ondas de gravidade, semelhantes às ondas geradas por uma pedra que cai em um lago.
Anéis de raios em forma de rosquinha se expandiram com a nuvem guarda-chuva e chegaram a ter 278 km de diâmetro. "Buracos de raios" semelhantes já foram observados em tempestades, mas nunca em uma escala tão grande.
Recorde de quantidade de raios
A erupção do Hunga produziu 2.615 flashes por minuto em sua intensidade máxima, que durou quase cinco minutos.
Essa taxa de pico de relâmpagos é significativamente maior do que o segundo evento em quantidade de relâmpagos já detectado - 993 flashes por minuto em uma tempestade no sul dos Estados Unidos, em 1999.
"Observações de raios como essas revelam detalhes sobre a evolução de uma erupção ao longo do tempo, o que é particularmente valioso quando a cobertura de nuvens obscurece as observações de satélite de uma pluma," disse Behnke.