Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/02/2019
Vacina motorizada
As vacinas têm salvo milhões de vidas, mas ninguém gosta de ser picado com uma seringa.
É por isso que os cientistas estão tentando desenvolver vacinas orais para doenças infecciosas.
Mas, para ser eficaz, a vacina deve sobreviver à digestão e alcançar as células imunes dentro da parede intestinal.
Xiaoli Wei e seus colegas da Universidade da Califórnia em San Diego, desenvolveram uma vacina oral experimental que consegue vencer esses dois obstáculos impulsionada por micromotores - uma vacina motorizada.
Não são ainda os microrrobôs médicos sonhados pela ficção científica, mas os micromotores já podem navegar pelo sangue e até capturar células doentes. Recentemente, microveículos conseguiram curar uma infecção no estômago de cobaias usando esse mesmo princípio.
No caso das vacinas orais, além de evitar a agulhada elas podem gerar uma resposta imunológica mais ampla estimulando as células imunes dentro da camada de muco do intestino a produzir uma classe especial de anticorpo chamada imunoglobulina A (IgA).
Motor para vacinas
Os motores usados para impulsionar a vacina são partículas de magnésio revestidas quase totalmente com dióxido de titânio. Usando água como combustível, essas partículas produzem bolhas de hidrogênio que as impulsionam, juntamente com sua carga.
Para desenvolver uma vacina oral contra o patógeno bacteriano Staphylococcus aureus, Wei revestiu os micromotores de magnésio com membranas de glóbulos vermelhos contendo a α-toxina do estafilococo, juntamente com uma camada de quitosana para ajudar o composto a aderir ao muco intestinal. Um revestimento entérico que protege as drogas das condições ácidas do estômago deu o toque final.
Quando administrada oralmente a camundongos, a vacina motorizada passou com segurança pelo estômago, e então o revestimento entérico se dissolveu, ativando os motores.
Imagens internas dos camundongos que receberam a vacina mostraram que os micromotores se acumularam na parede intestinal de forma muito mais eficaz do que partículas similares não motorizadas. Os micromotores também estimularam a produção de cerca de dez vezes mais anticorpos IgA contra a bactéria do que as partículas estáticas.
Ainda não há previsão do início dos testes das vacinas motorizadas em humanos.