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Robótica

Uma interface neural para se comunicar com minicérebros

Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/03/2021

Uma interface neural para se comunicar com minicérebros
A interface tridimensional com o "berço" central, onde são colocados os organoides.
[Imagem: Northwestern University]

Minicérebros

Se fazer interfaces neurais para o cérebro humano é complicado, imagine então "conversar" com minicérebros desenvolvidos em laboratório.

Os minicérebros são pequenos organoides que os cientistas estão desenvolvendo, tipicamente a partir de células-tronco, para estudar como os cérebros se desenvolvem e como consertar e tratar cérebros que sofreram traumas e doenças neurodegenerativas.

Yoonseok Park e colegas das universidades Northwestern e Illinois, nos EUA, tiraram proveito da bioeletrônica e da eletrônica flexível para construir uma interface neural 3D, que permite comunicar-se com vários neurônios dos minicérebros simultaneamente.

Além dos tradicionais eletrodos, para registrar a atividade elétrica ou ativar os neurônios, Park acrescentou minúsculas resistências, para manter aquecidas as culturas cerebrais ou, em alguns casos, superaquecer intencionalmente as culturas para estressá-las e avaliar seu comportamento.

Park também incorporou sondas minúsculas - como sensores de oxigênio e pequenos LEDs - para realizar experimentos optogenéticos, que induzem alterações genéticas usando luz. Por exemplo, eles introduziram genes nas células que lhes permitem controlar a atividade neural usando pulsos de luz de cores diferentes.

Uma interface neural para se comunicar com minicérebros
Esquema e foto do uso da interface bioeletrônica com minicérebros reais.
[Imagem: Yoonseok Park et al. - 10.1126/sciadv.abf9153]

Sistema bioeletrônico

A ideia é que o sistema permita fazer estudos mais complexos de neurociências sem necessidade de testes invasivos em animais ou em humanos.

"Este é apenas o começo de uma classe inteiramente nova de sistemas bioeletrônicos 3-D miniaturizados que podemos construir para expandir a capacidade do campo da medicina regenerativa. Por exemplo, nossa próxima geração de dispositivos apoiará a formação de circuitos neurais ainda mais complexos, do cérebro ao músculo, e tecidos cada vez mais dinâmicos, como um coração batendo," prometeu Park.

"Agora, com nossa eletrônica 3-D pequena e macia, finalmente temos capacidade de construir dispositivos que imitam as complexas formas biológicas encontradas no corpo humano, fornecendo uma compreensão muito mais holística de uma cultura [celular]," disse o professor John Rogers, que liderou o desenvolvimento da sonda neural usando tecnologias semelhantes às encontradas em celulares e computadores. "Não precisamos mais comprometer a função para alcançar a forma ideal de interface com nossa biologia."

Agora que a tecnologia está pronta e já foi validada em comparação com cérebros reais de cobaias, a equipe pretende usar a plataforma para desenvolver novos tratamentos para pacientes vítimas de danos neurológicos ou que sofrem de doenças neurodegenerativas.

Bibliografia:

Artigo: Three-dimensional, multifunctional neural interfaces for cortical spheroids and engineered assembloids
Autores: Yoonseok Park, Colin K. Franz, Hanjun Ryu, Haiwen Luan, Kristen Y. Cotton, Jong Uk Kim, Ted S. Chung, Shiwei Zhao, Abraham Vazquez-Guardado, Da Som Yang, Kan Li, Raudel Avila, Jack K. Phillips, Maria J. Quezada, Hokyung Jang, Sung Soo Kwak, Sang Min Won, Kyeongha Kwon, Hyoyoung Jeong, Amay J. Bandodkar, Mengdi Han, Hangbo Zhao, Gabrielle R. Osher, Heling Wang, KunHyuck Lee, Yihui Zhang, Yonggang Huang, John D. Finan, John A. Rogers
Revista: Science Advances
Vol.: 7, no. 12, eabf9153
DOI: 10.1126/sciadv.abf9153
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