Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/10/2024
Eletrônica comestível
Pesquisadores italianos criaram um transístor comestível, feito do mesmo material usado nas pastas de dente, viabilizando toda uma gama de tecnologias biocompatíveis, que não apenas possam ser usadas em contato com o corpo humano, mas que possam ser engolidos.
Além dos sensores, monitores de saúde e equipamentos médicos, Elena Feltri e colegas do Instituto Italiano de Tecnologia estão de olho nas pílulas inteligentes, comprimidos dotados de dispositivos eletrônicos projetados para monitorar as condições de saúde de dentro do corpo, dissolvendo-se com segurança depois de terminarem sua missão.
O elemento central desse "biotransístor" é um pigmento azul, feito de cristais de ftalocianina de cobre, que funciona como um agente clareador em várias formulações comerciais de pastas de dente. Essa substância é depositada nos dentes, funcionando como um filtro óptico para aumentar sua brancura. Ao longo do dia, a ftalocianina de cobre é gradualmente removida pela saliva e ingerida, sem complicações aparentes para a saúde.
A equipe então integrou pequenas quantidades desse ingrediente, que funciona como um semicondutor, em uma receita já testada para fabricar circuitos eletrônicos ingeríveis. Os circuitos são construídos em um substrato de etilcelulose, com contatos elétricos impressos usando tecnologia de jato de tinta - a tinta é preparada a partir de uma solução de partículas de ouro, que são usadas em decoração culinária.
A porta lógica é feita de um gel eletrolítico baseado em quitosana, um agente gelificante de grau alimentício derivado de crustáceos. O transístor opera em uma tensão muito baixa, inferior a 1 V, o que reduz outros riscos de danos.
"Com a quantidade de ftalocianina de cobre que ingerimos diariamente [pelas pastas de dente], poderíamos teoricamente fabricar aproximadamente 10.000 transistores comestíveis," disse Elena Feltri.
Bateria comestível
O transístor comestível foi fabricado pela mesma equipe que causou surpresa no ano passado ao criar uma bateria recarregável feita inteiramente de comida.
A ideia é que a bateria de ingerir seja usada para alimentar os circuitos eletrônicos feitos com o novo transístor.
A equipe afirma que continuará trabalhando nessa linha, tentando identificar outras substâncias comestíveis, com propriedades químicas e físicas adequadas para criar um dispositivo eletrônico comestível inteligente completo, que poderá então ser usado em aplicações de saúde, como monitoramento de parâmetros corporais no trato gastrointestinal.