Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/11/2019
Interferometria atômica
Assim como o famoso experimento de Galileu na Torre de Pisa - consta que ele lançou bolas de canhão de diferentes massas para medir a influência da gravidade -, os gravímetros baseados na interferometria de átomos podem detectar pequenas variações nos campos gravitacionais por meio da observação do comportamento dos átomos caindo.
Em termos mais específicos, a interferometria atômica é uma técnica que usa as propriedades quânticas de átomos extremamente frios para medir com precisão vários aspectos da física, como a inércia ou a gravidade, ou para procurar novos fenômenos físicos ou atômicos.
No entanto, a sensibilidade e a precisão das medições gravitacionais são amplamente dependentes do período de tempo em que um átomo em queda livre pode ser "interrogado" e da distância que ele cai, o que até agora estava limitado a apenas 2,3 segundos em um espaço de 10 metros - essa interrogação refere-se às "conversas" que os instrumentos fazem com o átomo ao fazer as medições.
Em vez de soltar átomos como bolas de uma torre, Victoria Xu e seus colegas das universidades da Califórnia (EUA) e Copenhague (Dinamarca) desenvolveram agora um interferômetro de átomos aprisionados que se mostrou capaz de expandir o tempo de interrogação do átomo para 20 segundos.
Para isso, eles usaram uma treliça óptica para controlar e suspender átomos ultrafrios, aumentando significativamente a capacidade de medir seu comportamento sob a ação de um campo gravitacional e, por extensão, a precisão das medições gravitacionais.
Mais do que isso, os resultados mostraram uma supressão de mais de 10.000 vezes no ruído vibracional comum até nos gravímetros atômicos mais modernos, melhorando drasticamente a relação sinal/ruído das medições.
O novo design também permite configurações atômicas altamente sensíveis e precisas, ainda que utilize equipamentos bem mais compactos do que os anteriores.