BBC - 06/07/2010
Imagem de céu inteiro
A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou nesta segunda-feira a primeira imagem do cosmos feita pelo telescópio espacial Planck, na qual é possível ver a "luz mais antiga" do universo.
Esta é uma imagem de "céu inteiro" - imagine-se sendo envolto pela imagem, que forma uma esfera ao seu redor.
A parte central da foto é dominada por grandes porções da nossa galáxia, a Via Láctea. A linha horizontal brilhante atravessando a imagem é o eixo principal da galáxia.
É nessa região que se formam hoje a maioria das estrelas da Via Láctea, mas como a foto registra apenas luz com comprimentos de onda longos (invisíveis ao olho humano), o que vemos na realidade não são estrelas, e sim o material do qual elas são feitas, poeira e gás.
Radiação cósmica de fundo
Mas a foto também mostra, em magenta e amarelo, a radiação cósmica de fundo.
A chamada radiação de micro-ondas cósmica de fundo é associada ao Big Bang, a grande explosão na qual os cientistas acreditam que o universo foi criado, há cerca de 14 bilhões de anos.
Formada 380 mil anos após o Big Bang, essa radiação de calor só pôde circular pelo espaço quando um resfriamento no Universo pós-Big Bang permitiu a formação de átomos de hidrogênio.
Os cientistas dizem que, antes desse estágio, o cosmos era tão quente que matéria e radiação estavam "fundidas". O Universo, seria, então, opaco.
Variações de temperatura
Os instrumentos do Planck podem detectar variações de temperatura nessa radiação antiga que auxiliam a compreensão da estrutura do Universo no momento de sua formação e que são uma espécie de rascunho de tudo o que se sucedeu depois.
Foram necessários mais de seis meses para que o telescópio espacial conseguisse montar o mapa.
O Planck, lançado ao espaço em maio do ano passado, já está montando uma segunda versão do mapa. A ideia é que ele faça pelo menos quatro versões.
Aparência do Universo
Os cientistas vão precisar de tempo para analisar todas as informações e avaliar suas implicações. A divulgação formal de imagens completas da radiação cósmica de fundo e de análises científicas sobre elas não deve acontecer antes do fim de 2012.
Segundo os pesquisadores, as informações coletadas constituem um banco de dados extraordinário, que os ajudará a compreender melhor como o Universo adquiriu a aparência que tem hoje.