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Nanotecnologia

Técnica altera propriedades do material átomo por átomo

Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/12/2020

Técnica altera propriedades do material átomo por átomo
A técnica cria "defeitos" na estrutura cristalina do material, mudando seu comportamento átomo por átomo, sem estragar suas outras propriedades.
[Imagem: Nanolayers Research Computing]

Nanotécnica

"Nós descobrimos uma maneira completamente nova de controlar a condutividade dos materiais em nanoescala," anunciou entusiasmado o professor Dennis Meier, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

Não é para menos: A técnica que sua equipe desenvolveu não interfere nas outras propriedades do material - e estamos falando de propriedades que quase sempre são mutuamente excludentes.

Isso torna possível combinar diferentes funções no mesmo material, o que é um avanço importante para a tecnologia em nanoescala, que gosta de construir as coisas "de baixo para cima", montando átomos e moléculas como se eles fossem peças de encaixar.

No nosso dia a dia, controlar a passagem da corrente elétrica é tão simples quanto apertar um interruptor e ver a lâmpada se acender. Contudo, quando nos aproximamos da escala onde as coisas são medidas em nanômetros, manipular um fluxo de elétrons não é tão simples.

"A utilização de fenômenos quânticos exige precisão extrema para manter a proporção certa de diferentes substâncias no material enquanto muda a estrutura química do material, o que é necessário se você deseja criar sinapses artificiais para simular as propriedades das vias nervosas como as que conhecemos na biologia," detalha o professor Meier.

Vacâncias atômicas

A grande inovação é que a equipe descobriu um meio de tirar proveito de irregularidades do material em nível atômico, conhecidas como "defeitos anti-Frenkel". Yakov Frenkel [1894-1952] descobriu que é possível que um átomo saia do seu lugar na rede cristalina, deixando o que hoje é conhecido como "vacância".

As vacâncias de nitrogênio no diamante, por exemplo, estão sendo exploradas como qubits para computadores quânticos, enquanto vacâncias de enxofre recentemente foram aproveitadas para construir a menor memória do mundo.

Meier e seus alunos desenvolveram agora uma técnica que permite criar esses defeitos de forma previsível e sem mudar a estrutura do cristal inteiro. Desta forma é possível, por exemplo, transformar um material isolante em condutor sem mudar outras de suas propriedades, como o magnetismo, a ferroeletricidade ou mesmo a supercondutividade.

Técnica altera propriedades do material átomo por átomo
A grande vantagem é a criação, átomo por átomo, de materiais com múltiplas funcionalidades.
[Imagem: Donald M. Evans et al. - 10.1038/s41563-020-0765-x]

Escrevendo defeitos

O tratamento consiste em aplicar um campo elétrico preciso ao longo da rede cristalina do material usando a ponta de um microscópio de força atômica - a ponta funciona como uma "caneta" que, em vez mudar a cor pela aplicação de uma tinta, altera as propriedades elétricas do material.

"Esses defeitos são gerados com precisão espacial em nanoescala para aumentar localmente a condutividade de salto eletrônico em ordens de magnitude, sem perturbar a ordem ferroelétrica. Explicamos os efeitos não voláteis usando a teoria do funcional da densidade e discutimos sua universalidade, sugerindo uma dimensão alternativa aos óxidos funcionais e o desenvolvimento de dispositivos multifuncionais para nanotecnologia de última geração," escreveu a equipe.

Outra vantagem da técnica é que ela permite "apagar" componentes em nanoescala usando um tratamento térmico simples. Em seguida, pode-se reprogramá-los ou criar novos componentes.

"Manter a integridade estrutural permite projetar dispositivos multifuncionais com o mesmo material. Este é um grande passo em direção a novas tecnologias em nanoescala," explicou o pesquisador.

Bibliografia:

Artigo: Conductivity control via minimally invasive anti-Frenkel defects in a functional oxide
Autores: Donald M. Evans, Theodor S. Holstad, Aleksander B. Mosberg, Didrik R. Småbråten, Per Erik Vullum, Anup L. Dadlani, Konstantin Shapovalov, Zewu Yan, Edith Bourret, David Gao, Jaakko Akola, Jan Torgersen, Antonius T. J. van Helvoort, Sverre M. Selbach, Dennis Meier
Revista: Nature Materials
Vol.: 19, pages 1195-1200
DOI: 10.1038/s41563-020-0765-x
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