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Informática

Software edita imagens usando apenas controle da mente

Com informações da Universidade de Copenhague - 29/06/2022

Software edita imagens usando apenas controle da mente
Os sinais cerebrais dispensam que o programa de inteligência artificial seja treinado previamente.
[Imagem: Keith M. Davis III et al (2022)]

Supervisão cerebral

Um programa experimental de edição de imagens permite realizar a edição computadorizada usando como entrada no computador apenas sinais elétricos coletados do cérebro.

A edição de imagens é feita sem uso de mouse, mesas digitalizadoras ou qualquer outro dispositivo - só a cabeça.

"Podemos fazer um computador editar imagens com base inteiramente em pensamentos gerados por seres humanos. O computador não tem absolutamente nenhuma informação prévia sobre quais características ele deve editar ou como. Ninguém nunca fez isso antes," disse o professor Tuukka Ruotsalo, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.

Bom, quase isso. Na verdade, o usuário e suas ondas cerebrais não editam as imagens propriamente falando, mas selecionam imagens de acordo com determinada preferência, e então o próprio programa encontra outras imagens sem aquelas características e as adiciona.

Aprendizado de máquina sem treinamento

Para testar o programa, 30 estudantes foram equipados com capacetes contendo eletrodos que detectam os sinais elétricos do cérebro, uma técnica similar aos exames de eletroencefalografia. Todos receberam as mesmas 200 imagens faciais diferentes e uma série de tarefas, como procurar rostos femininos, procurar pessoas mais velhas, procurar cabelos loiros etc.

Os estudantes não realizaram nenhuma ação de edição de imagens, apenas olharam brevemente - 0,5 segundo - para cada imagem. Com base em sua atividade cerebral, o programa primeiro mapeia a preferência dada e então edita as imagens de acordo. Assim, se a tarefa fosse procurar pessoas mais velhas, o computador modifica os retratos das pessoas mais jovens, fazendo-as parecer mais velhas. E, se a tarefa fosse procurar uma determinada cor de cabelo, todos ganham essa tintura.

"Notavelmente, o computador não tinha conhecimento de reconhecimento facial e não fazia ideia sobre sexo, cor do cabelo ou qualquer outra característica relevante. Ainda assim, ele apenas editava a característica em questão, deixando outras características faciais inalteradas," destacou Keith Davis, da Universidade de Helsinque, na Finlândia.

E esta é justamente a inovação do programa, que dispensa o tradicional treinamento do aprendizado de máquina.

"Todos os softwares já existentes foram previamente treinados com entradas rotuladas. Então, se você quer um aplicativo que possa fazer as pessoas parecerem mais velhas, você alimenta milhares de retratos e diz ao computador quais são jovens e quais são velhas," destaca Davis. "Aqui, a atividade cerebral dos voluntários foi a única entrada. Este é um paradigma inteiramente novo em inteligência artificial - usando o cérebro humano diretamente como fonte de entrada."

Software edita imagens usando apenas controle da mente
Resultado de um dos testes, que colore o cabelo das loiras.
[Imagem: Keith M. Davis III et al (2022)]

Aplicações e questões éticas

Uma possível aplicação para esta técnica pode estar na medicina.

"Os médicos já usam a inteligência artificial na interpretação de imagens digitalizadas. No entanto, erros acontecem. Afinal, os médicos são apenas auxiliados pelas imagens, mas tomarão as decisões sozinhos. Talvez certas características das imagens sejam mais frequentemente mal interpretadas do que outras. Tais padrões podem ser descobertos através de uma aplicação da nossa pesquisa," disse Ruotsalo.

Outra aplicação poderia ser a assistência a pessoas com deficiência, por exemplo permitindo que uma pessoa paralisada opere seu computador.

"Isso seria fantástico," disse Ruotsalo. "No entanto, esse não é o foco da nossa pesquisa. Temos um escopo amplo, procurando melhorar o aprendizado de máquina em geral. A gama de aplicações possíveis será ampla. Por exemplo, daqui a 10 ou 20 anos talvez não precisemos usar um mouse ou digitar comandos para operar nosso computador. Talvez possamos usar o controle mental!"

Mas a equipe reconhece os riscos que essa abordagem incorpora.

"A coleta de sinais cerebrais individuais envolve questões éticas. Quem adquire esse conhecimento pode potencialmente obter uma visão profunda das preferências de uma pessoa. Já vemos algumas tendências. As pessoas compram relógios 'inteligentes' e dispositivos semelhantes capazes de registrar a frequência cardíaca etc., mas temos certeza de que não são gerados dados que dão às empresas privadas conhecimento que não gostaríamos de compartilhar?" questionou Ruotsalo.

Bibliografia:

Artigo: Brain-Supervised Image Editing
Autores: Keith M. Davis III, Carlos de la Torre-Ortiz, Tuukka Ruotsalo
Revista: Proceedings of the CVPR 2022
Link: https://openaccess.thecvf.com/content/CVPR2022/papers/Davis_Brain-Supervised_Image_Editing_CVPR_2022_paper.pdf
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