Com informações da Agência USP - 16/05/2011
Na era da TV digital, já se pode falar em utilizar um smartphone como controle remoto conectado com a televisão por meio de rede wi-fi a partir de uma única configuração.
Esse é o resultado de uma pesquisa realizada no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos.
O grupo investigou maneiras mais dinâmicas de o usuário da TV digital interagir com o aparelho, podendo comandá-lo de forma mais personalizada, com gestos, toques e comando de voz.
Smartphone como controle remoto
Adaptar um smartphone para as funções do controle remoto foi possível com a criação de um novo software, cuja função é enviar dados para um outro software, chamado Ginga, localizado no terminal de acesso do próprio aparelho de TV.
O Ginga é responsável por facilitar a criação de novos aplicativos na TV. Para validar a utilização do novo programa, José Augusto Martins Júnior, autor do trabalho, utilizou um iPod Touch como dispositivo para testes.
Esses testes tinham como objetivo analisar pontos positivos e negativos de três meios pelos quais o usuário pode "controlar" a TV.
A partir das análises, o trabalho propôs uma combinação entre três interfaces, o que é novo no cenário brasileiro de TV Digital.
"O usuário da televisão passa a controlá-la não apenas com um teclado, mas também pelo comando de voz, por gestos, como em um videogame modelo Nintendo Wii, e por toque, como em um iPod Touch", conta o pesquisador.
"Perceber quais as limitações e qual o potencial de cada interface, a fim de encontrar a melhor maneira de elas serem utilizadas em conjunto como um controle remoto, foi o desafio do projeto", completa.
Comandando a TV com celular e com gestos
Segundo o estudo, o grande diferencial de comandos via gestos é que o usuário não precisa desviar o olhar do conteúdo da televisão, como ocorre naturalmente para algumas funções do controle remoto convencional, tais como o aumento ou diminuição de volume.
No entanto, algumas funções simples, como trocar do canal 11 para o canal 35, exigiriam gestos por demais complexos, descartando a possibilidade da interface de gestos nesses casos. Essa interface mostrou-se mais apropriada para ações simples como aumentar o volume.
O comando de voz compensa a limitação do número de comandos da interface de gestos, permitindo que o usuário realize ações mais complexas também sem desviar o olhar da TV.
Por exemplo, pode comandar o software da televisão para filtrar os canais nos quais está sendo exibido filme de comédia, ou qualquer outro gênero.
"Depois dessa seleção feita por comando de voz, a utilização do controle por gestos ou por toques torna-se mais viável, pois depois da filtragem, a 'navegação' é realizada por um número reduzido de canais", exemplifica Martins Júnior. "Essa é uma das grandes motivações para a utilização da voz como controle", afirma.
Interface de toque
A utilização de uma interface de toque permite que o usuário visualize no próprio smartphone informações sobre o que está passando na televisão.
Apesar de, nessa interface, a pessoa ter que olhar para o pequeno aparelho para realizar diversas funções, uma das vantagens é que as informações adicionais são apresentadas apenas para o usuário que a solicitou, e não para todos que assistem ao conteúdo apresentado na TV.
Como explica Martins Júnior, a interação entre as interfaces busca a diminuição do impacto das limitações de cada uma. Em outras palavras, se o usuário não quiser tirar o olho da televisão, pode recorrer ao comando de voz ou à interface de gestos.
Se ele quiser ver informações extras sem atrapalhar os demais usuários, pode utilizar a interface de toque.
Aplicativos para a TV Digital
A pesquisa fez parte do Projeto GingaFrevo&GingaRAP, financiado pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia, que visa desenvolver aplicações não convencionais para a TV Digital brasileira.
O trabalho de Martins Júnior, que propõe a integração das três interfaces, integrou o componente de software para "Interação Multimodal", elaborado em conjunto com sua orientadora, Maria da Graça C. Pimentel, e com o doutorando Diogo de Carvalho Pedrosa.
"Conseguimos ampliar a capacidade do Ginga, que pode agora receber vídeos e fotos, por exemplo", aponta o pesquisador.
Outro software desenvolvido pelo grupo para "Comunicação Ponto a Ponto" possibilita o compartilhamento de dados e a troca de recomendações de programas entre dois ou mais usuários que estejam assistindo TV em diferentes lugares.
"Esses aplicativos deixam a interação TV-usuário muito mais dinâmica, servindo até para fomentar programas do Governo de Educação à distância, por exemplo", conta Martins Júnior.