Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/11/2015
Componentes neuromórficos
Construir um computador que aprende e se lembra do passado como um cérebro humano é um desafio inatingível no horizonte visível da tecnologia atual.
Mas é uma fonte de inspiração que vale a pena usar.
Há poucos dias, por exemplo, uma equipe italiana mostrou que neurônios simulados em software são capazes de aprender a se comunicar em linguagem natural.
Agora, He Tian e seus colegas da Universidade Tsinghua, na China, abriram o caminho para que se repitam feitos similares em hardware, o que é essencial no caminho rumo aos processadores neuromórficos.
A equipe desenvolveu uma sinapse artificial que imita a plasticidade dos neurônios biológicos, um dos elementos essenciais da simulação feita em software pela equipe italiana.
Como o outro elemento usado naquela simulação em software pode ser simulado por um transístor, a expectativa é que o novo componente sirva de fato como ponto de partida para a criação de circuitos neurais artificiais em hardware.
Sinapse sintética
Os pesquisadores chineses criaram a sinapse artificial usando óxido de alumínio e uma camada dupla e torcida de grafeno.
Aplicando diferentes tensões elétricas no componente, é possível controlar a intensidade da reação do componente receptor.
"Devido à condutância ambipolar do grafeno, tanto o comportamento da sinapse excitatória quanto da sinapse inibidora podem ser obtidos em um único dispositivo. Além disso, a plasticidade sináptica pode também ser modulada por meio do ajuste da densidade de portadoras no grafeno," escreve a equipe.
Os pesquisadores afirmam que esse sistema dinâmico pode servir de base para o desenvolvimento de circuitos capazes de aprendizagem, eventualmente servindo como uma alternativa aos memristores.
Plasticidade
Embora ainda não totalmente compreendida, a plasticidade do cérebro - a capacidade das células nervosas, sinapses e áreas cerebrais para se adaptarem de acordo com o uso - é essencial para o funcionamento de todo o órgão.
Essa flexibilidade e mutabilidade das sinapses, variando a qualidade e a quantidade das moléculas sinalizadoras liberadas em cada disparo, parece estar na base da capacidade dos neurônios para codificar memórias, aprender e até se curar de danos físicos.