Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/08/2013
A ideia parece saída de um filme de terror de terceira categoria, mas a prática pode ser bem menos assustadora - e muito útil.
Imagine robôs totalmente moles, verdadeiras gelecas ambulantes, capazes de se contorcerem para se mover ou pegar objetos.
Foi mais ou menos isto que criaram Etienne Palleau e seus colegas da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
"Este trabalho nos leva um passo mais perto de desenvolver novas tecnologias de robótica mole para imitar sistemas biológicos e que possam trabalhar em ambientes aquosos," garante o Dr. Michael Dickey, um dos coordenadores do trabalho.
No curto prazo, eles esperam começar a testar seus robôs-geleca em sistemas de liberação controlada de medicamentos no interior do corpo humano e ambientes controlados para o cultivo de células, permitindo o crescimento de tecidos em três dimensões e, eventualmente, a construção de órgãos artificiais.
Robôs moles
Os robôs moles são hidrogéis, compostos de água e uma pequena porção de moléculas poliméricas. Os hidrogéis são elásticos, translúcidos e, em princípio, biocompatíveis.
Palleau descobriu uma forma de modificar e conformar os pedações de hidrogel eletricamente, usando um eletrodo de cobre para injetar íons de cobre - positivamente carregados - no interior do material.
Os íons ligam-se nos pontos negativamente carregados da rede polimérica, interligando as moléculas de polímero, tornando o material mais rígido e mais resistente naquele ponto específico.
Como os eletrodos podem ser controlados de forma independente, é possível mudar a forma do material, já que a mudança de sua consistência faz com que ele se dobre nos pontos onde os íons são aplicados.
Pinças macias e abraços de geleca
Os pesquisadores testaram o conceito fazendo o hidrogel manipular objetos.
Primeiro eles criaram um pedaço do seu hidrogel eletricamente controlado em forma de V.
Quando os íons de cobre foram injetados na curva do V, o hidrogel flexionou, fechando os braços sobre o objeto, funcionando como um par de pinças muito macias.
Ao injetar íons no lado de trás da curvatura do V, a pinça se abre, liberando o objeto.
Um formato de X fica ainda mais versátil, abraçando o objeto com quatro braços.
O próximo passo da pesquisa será fazer o robô-geleca funcionar com outros íons, como os de cálcio, mais relevantes no reino biológico.
Em 2011, a mesma equipe criou uma memória gelatinosa ideal para dispositivos biomecatrônicos. Mais recentemente, eles criaram um boneco de metal líquido, tipo Exterminador do Futuro.