Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/01/2023
Robô-desentupidor
Abaixo das nossas ruas há um labirinto de canos, dutos para água, esgoto, gás e fios e fibras para comunicações. A inspeção regular desses tubos, para checar vazamentos ou fazer reparos, normalmente exige que eles sejam desenterrados, o que não é apenas oneroso e demorado, mas também faz sujeira, causa interrupção do tráfego e incômodo para a população.
Agora imagine um robô que possa encontrar seu caminho através da mais estreita das redes de tubos e transmitir imagens em tempo real para operadores humanos na superfície, restringindo as escavações ao mínimo necessário.
Logo não será mais preciso imaginar isto.
Pesquisadores apresentaram o primeiro filhote do Pipebots (robôs para encanamentos, em tradução livre), um esforço conjunto de equipes das universidades de Sheffield, Bristol, Birmingham e Leeds, no Reino Unido.
Batizado de Joey, a criança é um robô em miniatura que consegue explorar redes de tubos reais por conta própria, sem precisar nem mesmo de uma câmera para navegar.
"As redes subterrâneas de água e esgoto são alguns dos ambientes menos hospitaleiros, não apenas para humanos, mas também para robôs. A navegação por satélite não é acessível no subterrâneo. E os Joeys são minúsculos, então precisam funcionar com motores, sensores e computadores muito simples, que ocupam pouco espaço, enquanto as pequenas baterias devem funcionar por tempo suficiente," disse Thanh Nguyen, da Universidade de Leeds, líder do projeto.
Pequeno, barato e autônomo
O robô-operário Joey é o primeiro a ser capaz de navegar sozinho por labirintos de canos tão estreitos quanto 7,5 cm de diâmetro - pesando apenas 70 g, ele cabe na palma da mão.
A mobilidade é garantida por um híbrido de perna e roda, que gira normalmente por terrenos planos mas também permite escalar pequenos obstáculos. O robô está equipado com uma gama de sensores energeticamente eficientes que medem a sua distância até as paredes, junções e cantos, ferramentas de navegação, um microfone, uma câmera e faróis de LED para filmar falhas na rede e armazenar as imagens.
A seleção de materiais de baixo custo e o uso de impressão 3D permitiram que o protótipo fosse fabricado a um custo de apenas R$ 1.900,00.
Os testes demonstraram que o robô é capaz de encontrar o caminho, sem nenhuma instrução de operadores humanos, através de uma rede experimental de tubos, incluindo um entroncamento em T, curvas à esquerda e direita, um beco sem saída, um obstáculo e três seções retas. Mas ele ainda é lento, gastando em média 45 segundos para explorar um metro de rede de tubos.
Para tornar a vida do robô mais difícil, os pesquisadores o colocaram em tubos inclinados com declives realistas; e, para testar a capacidade de Joey de navegar por tubos lamacentos ou escorregadios, eles também adicionaram areia e detergente líquido aos canos - o pequeno robô venceu todos os desafios.
Mas os testes mostraram também que Joey ainda tem uma fraqueza: Ele não conseguiu se colocar sobre as rodas quando inadvertidamente caiu de costas, como uma tartaruga com o casco para baixo. Os pesquisadores afirmam que o próximo protótipo será capaz de superar essa deficiência. As futuras gerações também deverão ser totalmente à prova d'água, para operar em canos totalmente cheios de líquido.
Nave-mãe para robôs
A equipe do projeto Pipebots pretende desenvolver um enxame de Joeys que se comuniquem e trabalhem juntos, baseados em uma robô-mãe maior, chamada Kanga.
Atualmente em desenvolvimento e testes, Kanga será equipada com sensores mais sofisticados e ferramentas de reparo, como braços robóticos, e carregará vários Joeys.
"Nós vislumbramos uma tecnologia para escalonar e diversificar, criando uma ecologia de várias espécies de robôs que colaborem no subsolo. Nesse cenário, grupos de Joeys seriam lançados por robôs maiores, que têm mais potência e recursos, mas estão restritos aos tubos maiores. Vencer esse desafio exigirá mais pesquisa, desenvolvimento e testes ao longo de 10 a 20 anos. Mas tudo pode começar a entrar em jogo por volta de 2040 ou 2050," disse a professora Netta Cohen, responsável pelo desenvolvimento da inteligência dos robôs.