Com informações da ESA - 01/04/2015
Pescando lixo espacial
Uma das mais antigas tecnologias da humanidade, a rede de pesca, pode encontrar uma nova utilidade no espaço.
A ESA (Agência Espacial Europeia) está testando o uso de redes na ausência de gravidade para avaliar a sua capacidade de capturar satélites abandonados.
"Lançamos 20 redes, em diferentes velocidades, durante 21 voos parabólicos, ao longo de dois dias. Embaladas dentro de caixas de papel, as redes têm pesos nas extremidades para ajudar a agarrar os satélites," conta Kjetil Wormnes, engenheiro responsável pelos experimentos.
E o resultado foi muito positivo. As redes, disparadas por ejetores a ar comprimido agarraram muito bem os satélites - tanto que tiveram que ser cortadas com uma faca para que os testes pudessem ser feitos continuamente.
Voo parabólico
Os testes foram feitos dentro de um avião que faz uma trajetória ondulada de forma que, por períodos de 20 segundos, ele mergulha sujeito apenas à força da gravidade - o que efetivamente cancela o efeito da gravidade dentro da aeronave, simulando o ambiente de microgravidade da órbita terrestre.
"Durante os testes, foi sendo tudo gravado em quatro câmaras HD de grande velocidade para validar uma ferramenta de simulação que desenvolvemos, de forma a podermos usá-la para desenhar redes de tamanho real, para uma missão de remoção de lixo espacial," acrescentou Kjetil.
Das duas versões de redes testadas, a mais fina revelou-se a mais eficaz.
Braço robótico e feixe iônico
A missão da ESA de remoção de lixo espacial, chamada e.DeOrbit, deverá ser lançada em 2021 para testar a viabilidade de remover grandes detritos - um satélite abandonado ou o estágio superior de um foguete - como forma de controlar o nível de lixo espacial em órbitas de muito tráfego.
Ainda está sendo decidido qual será o melhor método para tentar capturar um satélite descontrolado - e as redes para "pescá-lo" estão entre os candidatos.
Serão avaliados ainda um braço robótico, um harpão e um feixe iônico.
"A principal vantagem do sistema da rede - quer seja no âmbito do e.DeOrbit ou de outras possíveis missões futuras - é que ele é adaptável a uma ampla gama de alvos, em termos de forma e taxas de rotação," finalizou Kjetil.