Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/11/2017
Fotossíntese artificial
Se queremos realmente levar a sério a redução da contribuição humana ao aquecimento global, talvez valha a pena investir nisso algumas das coisas mais valiosas que temos - diamantes, por exemplo.
Mais do que propondo, é o que está demonstrando ser possível uma equipe liderada pela professora Anke Krueger, da Universidade Wuerzburg, na Alemanha.
Krueger montou um sistema fotocatalítico - um catalisador baseado na luz - cujo elemento ativo é o diamante. Não os caríssimos diamantes do tipo gema, encontrados em joias, é claro, mas nanodiamantes sintéticos, produzidos industrialmente.
Lembrando bastante o funcionamento da fotossíntese, que reintroduz continuamente o dióxido de carbono (CO2) do ar no ciclo bioquímico da Terra, o sistema fotocatalítico usa o CO2 para produzir compostos fundamentais que podem ser usados para fabricar combustíveis líquidos para automóveis ou compostos importantes para a indústria química, como metanol, ácido fórmico, metano etc, todos hoje derivados do petróleo.
Diamante como fotocatalisador
O elemento central de todo o processo é o diamante sintético. Quando os elétrons recebem energia da luz durante uma reação química dentro do diamante, eles alcançam elevados níveis de energia.
É essa energia que é usada para quebrar as moléculas de CO2 e produzir o chamado C1, ligações carbono-carbono que estão na base de uma infinidade de reações de síntese orgânica - o átomo de carbono do CO2 é adicionado a uma molécula orgânica, formando ligações C-C.
"Nós não usamos materiais perigosos para fazer este processo, usamos água ou líquidos iônicos como solvente. E o próprio material de diamante não é tóxico. O dióxido de carbono é o gás de escape dos carros, centrais elétricas ou instalações de cimento, constantemente emitido pelo transporte e pela indústria, de modo que removê-lo do ar é benéfico, e não problemático.
"No momento, estamos em escala de laboratório, então o consumo de dióxido de carbono é muito pequeno, mas o objetivo é usar o máximo de dióxido de carbono possível para produzir algo útil a partir dele," disse Krueger.
A equipe pretende trabalhar na otimização do processo até o final do ano que vem, quando então espera envolver empresas privadas que possam investir em uma planta-piloto para demonstração da tecnologia.