Redação do Site Inovação Tecnológica - 05/10/2011
Quasicristais
Os cristais são formados por estruturas atômicas padronizadas, que se repetem ao infinito.
Nos quasicristais, essa estrutura é aperiódica, como os cristais vislumbrados por Erwin Schrodinger, em sua famosa tentativa de explicar o que é a vida.
Foi a descoberta desses quasicristais, um rico mosaico de átomos, com estruturas que nunca se repetem, que rendeu o Prêmio Nobel de Química ao cientista israelense Dan Shechtman.
Como essa estrutura era considerada impossível pelo saber da época, Shechtman foi ridicularizado, teve seu trabalho recusado pelas revistas científicas e foi expulso de seu grupo de pesquisa.
Não, isso não foi na Idade Média, aconteceu na Universidade de Haifa, em Israel, em Abril de 1982.
Shechtman não desanimou e acabou convencendo outros cientistas da área de que suas descobertas eram reais. Somente quando esses cientistas viram os dados e aceitaram assinar o artigo científico junto com ele é que seu trabalho foi publicado.
Agora, quase trinta anos depois, ele recebeu o Prêmio Nobel de Química 2011 pela sua descoberta.
Cristais aperiódicos
Os mosaicos aperiódicos descobertos por Shechtman nos então "impossíveis" quasicristais são regulares - eles seguem as regras matemáticas - mas nunca se repetem.
Eles seguem a chamada proporção áurea, ou proporção divina, usada na arte e presente em muitos outros lugares na natureza, como nas conchas dos moluscos, nas colmeias das abelhas e no ser humano.
Os quasicristais já têm várias aplicações tecnológicas, incluindo novas formas de sinterização do aço, que o tornam extremamente duro, e peças que dispensam a lubrificação:
Um aço inoxidável nanoestruturado, fabricado graças ao conhecimento dos quasicristais, está sendo usado para fabricação de uma cadeira de rodas radical.
É interessante que a tenacidade e a capacidade de superar obstáculos de Shechtman estejam se traduzindo em aplicações de aumento de resistência dos metais e redução dos seus pontos de atrito.