Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/12/2007
Luz que faz curva
Não, a luz - na verdade a radiação eletromagnética em geral - não viaja apenas em linha reta.
Sim, a luz pode fazer curvas, conforme acaba de demonstrar um trio de físicos da Universidade Central da Flórida, nos EUA.
Os chamados "feixes de luz de Airy" foram previstos na teoria por Michael Berry e Nandor Balazs, em 1979. Mas ninguém havia conseguido observar essa "luz que faz curvas" na prática.
O nome feixes de Airy é uma referência à integral de Airy, calculada por George Biddell Airy em 1830 para explicar a cáustica óptica por trás de fenômenos como o arco-íris - cáustica é a superfície dos raios de luz dispersos por uma superfície curva.
Georgios Siviloglou e seus colegas criaram o raio de luz curvo dirigindo um feixe de laser sobre uma tela de cristal líquido espacial conhecida como modulador espacial de luz. A reflexividade de cada pixel nessa tela é uma função do seu índice de refração, de forma que o dispositivo permite controlar com precisão a fase da luz refletida de cada pixel.
A equipe então programou os pixels do modulador para criar as relações de fase necessárias para compor um feixe de Airy.
Na verdade, a luz não se propaga pelo caminho curvo. O feixe curvo, que foi demonstrado em uma e em duas dimensões, é resultado do padrão de interferência da luz criado pelos 500.000 pixels do modulador.
Isso não quer dizer que não haja interesse prático na descoberta: os físicos afirmam que, no futuro, esses feixes curvos poderão ser usados para manipular partículas microscópicas, dando um salto de qualidade nas pinças ópticas.