Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/12/2017
Vida que vem e vida que vai
A panspermia é a teoria segundo a qual microrganismos ou moléculas precursoras da vida podem ter surgido espaço afora e caído aqui na Terra - assim como em outros planetas com as condições adequadas.
Vários cientistas têm apoiado essa teoria, mostrando que meteoritos podem ter semeado a vida na Terra ou que a vida pode ter começado no espaço e chegado à Terra em cometas.
O professor Arjun Berera, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, acredita que nem mesmo é necessário depender dos asteroides e cometas - para ele, a vida pode se mover entre planetas impulsionada por partículas que mergulham velozmente atmosfera abaixo.
Mais do que isso, ele afirma que os fluxos de poeira interplanetária que bombardeiam continuamente a atmosfera do nosso planeta podem continuar trazendo pequenos organismos de mundos distantes, ou enviando organismos terrestres a outros planetas.
Curiosamente, isso dá sustentação a hipóteses especulativas de que a distribuição geográfica de algumas epidemias na Terra são compatíveis com a chegada de microrganismos do espaço - essas hipóteses nunca foram levadas muito a sério devido à quase impossibilidade de demonstrá-las experimentalmente.
Fluxos rápidos
Berera calculou como o fluxo de poeira espacial de alta velocidade - que pode viajar a até 70 km por segundo - se comporta ao colidir com partículas em um sistema atmosférico.
Ele descobriu que as partículas de poeira cósmica podem atingir partículas atmosféricas, situadas a 150 km ou mais de altitude no caso da Terra, com força suficiente para lançá-las além do limite da gravidade da planeta - eventualmente chegando a outros planetas.
O mesmo mecanismo poderia permitir o intercâmbio de partículas atmosféricas entre planetas distantes, podendo ter trazido originalmente a vida para a Terra.
Algumas bactérias, plantas e pequenos animais chamados tardígrados são conhecidos por sua capacidade de sobreviver no espaço, conforme demonstrado em experimentos na Estação Espacial Internacional. Por isso, defende Berera, é possível que organismos desse tipo possam colidir com a poeira estelar que entra velozmente em nossa atmosfera.
"A proposição de que colisões de poeira espacial poderiam impulsionar organismos por distâncias enormes entre os planetas levanta algumas perspectivas interessantes sobre como a vida e as atmosferas dos planetas se originaram. O feixe veloz de poeira espacial é encontrado por todos os sistemas planetários e pode ser um fator comum para a proliferação da vida," defendeu Berera.