Com informações da Agência USP - 21/07/2014
Assinatura espectral
Astrônomos realizaram a primeira detecção da assinatura espectral do núcleo rochoso de um exoplaneta gasoso gigante.
O estudo foi feito por Marcelo Tucci Maia, Jorge Meléndez (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP) e Iván Ramírez (Universidade do Texas).
A pesquisa utilizou técnicas de determinação de abundâncias químicas de altíssima precisão para comparar duas estrelas do sistema 16 Cyg, na constelação do Cisne.
As estrelas 16 Cyg A e B são bastante parecidas, mas apenas a segunda possui um planeta detectado: o 16 Cyg Bb é um planeta gigante gasoso, com cerca de 2,4 massas de Júpiter.
Os astrônomos descobriram que a estrela 16 Cyg B possui deficiência de diferentes elementos químicos em relação à 16 Cyg A. Como as duas estrelas foram formadas na mesma nuvem molecular, a diferença na composição química é explicada pela formação do planeta 16 Cyg Bb, que ocorreu no mesmo período.
Esse material que está "faltando" na estrela 16 Cyg B teria sido aglutinado no núcleo rochoso do planeta.
O núcleo rochoso é considerado o primeiro passo para a formação de um planeta gasoso, segundo o modelo de acreção de núcleo. De acordo com esse modelo, um planeta gasoso se forma aglomerando partículas sólidas, com elementos como ferro e níquel, até atingir massa o suficiente para atrair e agregar seu envoltório de gás, principalmente hidrogênio e hélio.
Nascimento dos planetas
A pesquisa ajuda a entender o processo de nascimento dos planetas extrassolares.
"O resultado indica ainda que a formação de planetas gigantes gasosos e também de planetas rochosos, como a Terra, deixa uma assinatura espectral sutil na atmosfera das estrelas do sistema", explica Marcelo Tucci Maia.
"É fascinante que nossa técnica nos permita medir diferenças tão pequenas na composição química das estrelas, e ainda é mais impressionante que essas pequenas anomalias químicas possam ser devidas à formação de planetas," analisa Jorge Meléndez.