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Descobertos objetos estranhos no centro da Via Láctea

Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/01/2020

Descobertos objetos estranhos no centro da Via Láctea
Impressão artística dos Objetos G, com os centros avermelhados, orbitando o buraco negro supermassivo no centro da nossa galáxia. O buraco negro é representado como uma esfera escura dentro de um anel branco (acima do meio da imagem).
[Imagem: Jack Ciurlo]

Objetos G

Astrônomos descobriram uma nova classe de objetos bizarros no centro da nossa galáxia, não muito longe do buraco negro supermassivo chamado Sagitário A*.

Esses novos corpos celestes, que estão sendo chamados de "Objetos G", parecem compactos na maior parte do tempo, mas se estendem quando suas órbitas os aproximam do buraco negro.

Ou seja, os Objetos G se parecem com gás, mas se comportam como estrelas.

O mesmo grupo de pesquisa havia identificado um objeto incomum no centro da nossa galáxia em 2005, que mais tarde foi batizado de G1. Em 2012, astrônomos na Alemanha fizeram uma descoberta intrigante de um objeto bizarro, agora conhecido como G2, também no centro da Via Láctea, que fez uma aproximação ao buraco negro em 2014.

"No momento de maior aproximação, o G2 tinha uma assinatura realmente estranha," explicou a professora Andrea Ghez, da Universidade da Califórnia de Los Angeles. "Nós já o havíamos visto antes, mas ele não parecia muito peculiar até chegar perto do buraco negro e se tornar alongado, e grande parte do seu gás foi arrancada. Ele deixou de ser um objeto bastante inócuo quando estava longe do buraco negro, para um que ficou realmente esticado e distorcido conforme se aproximava e perdia sua concha externa, e agora está ficando mais compacto novamente."

Agora, a equipe da professora Ghez relatou a descoberta de mais quatro objetos, que estão sendo chamados de G3, G4, G5 e G6. Enquanto G1 e G2 têm órbitas semelhantes, os quatro novos objetos têm órbitas muito diferentes.

"Suas órbitas variam de 100 a 1.000 anos," conta a astrofísica Anna Ciurlo.

E esse não parece ser o fim da história, uma vez que a equipe já identificou alguns outros candidatos que podem fazer parte dessa nova classe de objetos. Novas análises e observações serão necessárias para garantir que esses candidatos também são Objetos G.

Descobertos objetos estranhos no centro da Via Láctea
Órbitas dos Objetos G no centro da nossa galáxia, com o buraco negro supermassivo indicado por uma cruz branca. Estrelas, gás e poeira estão em segundo plano.
[Imagem: Anna Ciurlo/Tuan Do/UCLA Galactic Center Group]

Fogos de artifício de escala galáctica

Uma explicação sugerida pela equipe propõe que todos os seis objetos eram estrelas binárias - um sistema de duas estrelas orbitando uma à outra - que se fundiram devido à forte força gravitacional do buraco negro supermassivo, envoltas em gás e poeira incomumente espessos - a fusão de duas estrelas leva mais de 1 milhão de anos para ser concluída.

Ciurlo observa que, embora o gás da concha externa do G2 tenha se esticado dramaticamente, a poeira no interior do gás não se estendeu muito: "Algo deve tê-lo mantido compacto e permitido que ele sobrevivesse ao encontro com o buraco negro. Isso é evidência de um objeto estelar dentro do G2," disse Ciurlo.

Qualquer que seja a explicação, contudo, a proximidade desses objetos do buraco negro Sagitário A* indica que o núcleo da Via Láctea poderá produzir um show de fogos de artifício de escala galáctica.

"Uma das coisas que deixou todo mundo empolgado com os Objetos G é que coisas que são arrancadas deles pelas forças de maré, conforme eles circundam o buraco negro central, devem inevitavelmente cair no buraco negro," disse o professor Mark Morris, membro da equipe. "Quando isso acontecer, poderá produzir um impressionante show de fogos de artifício, já que o material consumido pelo buraco negro esquentará e emitirá radiação abundante antes de desaparecer no horizonte de eventos."

Bibliografia:

Artigo: A population of dust-enshrouded objects orbiting the Galactic black hole
Autores: Anna Ciurlo, Randall D. Campbell, Mark R. Morris, Tuan Do, Andrea M. Ghez, Aurélien Hees, Breann N. Sitarski, Kelly Kosmo O’Neil, Devin S. Chu, Gregory D. Martinez, Smadar Naoz, Alexander P. Stephan
Revista: Nature
Vol.: 577, pages 337-340
DOI: 10.1038/s41586-019-1883-y
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