Com informações do ESO - 10/03/2016
Estrelas misteriosas
Nesta nova imagem enorme vemos nuvens de gás vermelhas iluminadas por estrelas massivas raras que começaram a brilhar há pouco tempo e por isso ainda se encontram profundamente enterradas em espessas nuvens de poeira.
Estas estrelas muito jovens e extremamente quentes são apenas personagens passageiras no palco cósmico, e a sua origem permanece um mistério.
A enorme nebulosa onde estas gigantes se formaram, juntamente com o meio rico e fascinante que as envolve, foi capturada em grande detalhe pelo Telescópio de Rastreio do VLT do ESO (VST) no Observatório do Paranal, no Chile.
Regiões H II
A RCW 106 é uma extensa nuvem de gás e poeira situada a cerca de 12.000 anos-luz de distância na constelação da Régua. O nome da região foi assim definido por se tratar da entrada nº 106 em um catálogo de regiões H II da Via Láctea austral. O catálogo foi compilado em 1960 por três astrônomos do Observatório do Monte Stromlo na Austrália, cujos sobrenomes eram Rodgers, Campbell e Whiteoak, daí o prefixo RCW.
As regiões H II são constituídas por nuvens de hidrogênio gasoso que está sendo ionizado pela intensa radiação estelar de estrelas jovens muito quentes, fazendo com que as nuvens brilhem e apresentem formas estranhas e maravilhosas.
A RCW 106 propriamente dita é a nuvem vermelha acima do centro desta imagem, embora uma grande parte desta enorme região H II se encontre escondida pela poeira e seja muito mais extensa do que a parte que é observada no visível.
É possível ainda observar nesta imagem de grande angular do VST muitos outros objetos sem relação com a região H II. Por exemplo, os filamentos que se veem à direita da imagem são restos de uma supernova antiga e os filamentos brilhantes vermelhos embaixo e à esquerda rodeiam uma estrela incomum muito quente.
Estrelas de origem desconhecida
Os astrônomos já estudam a RCW 106 há algum tempo, embora não sejam as nuvens vermelhas que lhes chamem a atenção, mas sim a misteriosa origem das estrelas poderosas e massivas que estão mergulhadas no seu interior.
Embora sejam muito brilhantes, estas estrelas não podem ser observadas em imagens no visível, como é o caso desta imagem, pois a poeira à sua volta é muito espessa, mas tornam a sua presença conhecida em imagens da região obtidas em comprimentos de onda maiores.
No caso de estrelas menos massivas como o Sol, compreendemos bem o processo que lhes dá origem - à medida que nuvens de gás se atraem mutuamente pela força da gravidade, a temperatura e densidade aumentam originando assim a fusão nuclear. No entanto, para estrelas mais massivas enterradas em regiões como RCW 106, esta explicação é não totalmente adequada. Estas estrelas - conhecidas pelos astrônomos como estrelas de tipo O - podem ter massas de muitas dezenas de vezes a massa do Sol e não é claro como é que conseguem juntar e manter gás suficiente para se formarem.