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Meio ambiente

Núcleo interno da Terra oscila, invertendo a rotação a cada seis anos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/06/2022

Núcleo interno da Terra oscila, invertendo a rotação a cada seis anos
O novo modelo contesta a ideia de que o núcleo interno da Terra gira mais rápido do que a superfície.
[Imagem: Edward Sotelo/USC]

Núcleo em vai e vem

Em uma sequência inédita de descobertas sobre o núcleo da Terra, geólogos agora acreditam que a parte central do núcleo do nosso planeta não gira mais rapidamente do que a superfície, como propõem os modelos aceitos hoje pela comunidade científica.

Em vez disso, o núcleo interno oscila, mudando de direção em períodos muito curtos - seis anos - para os padrões geológicos.

"O núcleo interno não é fixo - ele está se movendo sob nossos pés e parece ir e voltar alguns quilômetros a cada seis anos," disse John Vidale, da Universidade do Sul da Califórnia. "Uma das perguntas que tentamos responder é: O núcleo interno se move progressivamente ou está travado em comparação com todo o resto a longo prazo? Estamos tentando entender como o núcleo interno se formou e como ele se move ao longo do tempo - isso é um passo importante para entender melhor esse processo."

Ondas sísmicas de explosões nucleares

Como não é fácil estudar algo a que não se tem acesso, Vidale e seu colega Wei Wang foram buscar arquivos de sismógrafos dos anos 1960 e 1970, quando era comum a realização de testes com bombas nucleares.

Medindo as ondas de compressão resultantes das explosões nucleares, os dois geofísicos descobriram que o núcleo interno da Terra girou um pouco mais devagar entre 1969 e 1971, e depois inverteu seu sentido de giro de 1971 a 1974.

"Nós descobrimos que o núcleo interno subrotou pelo menos 0,1° de 1969 a 1971, em contraste com a superrotação de ~0,29° de 1971 a 1974. Essas observações contradizem modelos de rotação constante do núcleo interno e modelos que postulam taxas de rotação muito mais rápidas. A inversão da polaridade, temporização e taxas de rotação são consistentes com um modelo de oscilações em torno de um equilíbrio com travamento gravitacional do manto e do núcleo interno devido a variações laterais de densidade," escreveu a dupla.

Núcleo interno da Terra oscila, invertendo a rotação a cada seis anos
A confirmação da oscilação deverá impactar os modelos do campo geomagnético.
[Imagem: Wang/Vidale - 10.1126/sciadv.abm9916]

Núcleo da Terra oscilante

"A ideia de que o núcleo interno oscila era um modelo que estava por aí, mas a comunidade estava dividida sobre se ele era viável," contextualizou Vidale. "Nós entramos nisso esperando ver a mesma direção de rotação e taxa no par anterior de testes atômicos, mas, em vez disso, vimos o oposto. Ficamos bastante surpresos ao descobrir que ele estava se movendo na outra direção."

Esses modelos já propunham que o núcleo interno da Terra oscila com base em variações na duração do dia - mais ou menos 0,2 segundo ao longo de seis anos - e nos campos geomagnéticos, os quais correspondem à teoria em amplitude e fase.

"O modelo, que tem um período de 6 anos, pode explicar a variação na duração do dia, que tem oscilado de forma bastante constante nas últimas décadas. A oscilação do núcleo interno também permite interpretações de conexões causais entre o núcleo interno e as variações laterais do manto, que são problemáticas se o núcleo interno superrotar consistentemente," concluiu a dupla.

A descoberta também impõe novas exigências sobre os modelos de geração do campo magnético da Terra, que agora terão que ser revistos.

Está é mais uma novidade sobre as entranhas da Terra que foram publicadas nos últimos poucos meses, incluindo a descobertas de ondas magnéticas espalhando-se do núcleo da Terra, o fato de que o interior da Terra parece estar esfriando mais rápido do que se pensava, que o núcleo interno da Terra pode não ser totalmente sólido e que o núcleo da Terra pode ser assimétrico.

Bibliografia:

Artigo: Seismological observation of Earths oscillating inner core
Autores: Wei Wang, John E. Vidale
Revista: Science Advances
DOI: 10.1126/sciadv.abm9916
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