Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/04/2020
Radiotelescópio na Lua
Um pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA divulgou planos para construir um radiotelescópio dentro de uma cratera da Lua.
O projeto é similar ao de radiotelescópios terrestres, como o de Arecibo, em Porto Rico, e o radiotelescópio chinês FAST, que entrou em operação em janeiro deste ano.
Batizado de LCRT (Lunar Crater Radio Telescope, ou radiotelescópio em cratera lunar), o primeiro telescópio lunar teria 1 km de diâmetro e teria como grande vantagem a capacidade de capturar comprimentos de onda que não chegam à superfície da Terra.
"Um radiotelescópio de comprimento de onda ultralongo no lado oposto da Lua teria enormes vantagens em comparação com os telescópios terrestres e orbitais da Terra, incluindo: (1) esse telescópio pode observar o Universo em comprimentos de onda superiores a 10 m (ou seja, frequências abaixo de 30MHz), que são refletidas pela ionosfera da Terra e até agora pouco exploradas pelos seres humanos, e (2) a Lua atua como um escudo físico que isola o telescópio da superfície lunar de interferências de rádio/ruídos de fontes terrestres, ionosfera, satélites que orbitam a Terra e ruídos de rádio do Sol durante a noite lunar," escreveu Saptarshi Bandyopadhyay, o idealizador do projeto.
A ideia de construir telescópios na Lua não é novidade: As ideias vão desde telescópios lunares com espelhos líquidos até a construção de telescópios lunares usando matéria-prima da Lua, uma proposta da própria NASA.
Mas Bandyopadhyay realmente pensou grande.
Para comparação, o FAST é o maior radiotelescópio da Terra, como 500 metros de diâmetro. O LCRT teria o dobro do diâmetro e, por decorrência, uma área de coleta de dados muito maior - o cálculo da área total depende da inclinação da parábola, e ainda não há uma cratera escolhida para definição dessa altura.
Robôs fabricantes de telescópios
Bandyopadhyay recebeu um financiamento da própria NASA para desenvolver a ideia, dentro do programa de "Conceitos Avançados Inovadores" (NIAC) da agência espacial.
A ideia inicial é usar robôs capazes de escalar as encostas da cratera lunar para fazer a montagem do refletor, que captaria as ondas vidas do espaço e as concentraria em um sensor dependurado no seu centro.
Como esses robôs seriam fabricados na Terra e continuariam funcionando ao término da construção, o pesquisador sugere até mesmo que eles possam ser direcionados para a construção de outros radiotelescópios, permitindo construir uma rede de interferometria, como a usada para observar buracos negros aqui da Terra.
"O LCRT poderia possibilitar enormes descobertas científicas no campo da cosmologia, observando o universo primitivo na faixa de 10 a 50 m de comprimento de onda (ou seja, faixa de frequência de 6 a 30 MHz), que ainda não foi explorada pelos humanos," finalizou Bandyopadhyay.