Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/01/2017
Onda planetária
A sonda espacial japonesa Akatsuki fotografou uma onda gigantesca na atmosfera de Vênus, a maior já vista no Sistema Solar.
Os astrônomos acreditam que a formação foi gerada de modo muito semelhante às ondulações formadas quando a água flui sobre rochas em um leito de riacho - neste caso, a onda é formada pelo fluxo da baixa atmosfera sobre as montanhas de Vênus.
A sonda Akatsuki fotografou a onda logo depois de entrar na órbita de Vênus, em 2015. O fenômeno em forma de arco na atmosfera superior do planeta durou vários dias. Curiosamente, a estrutura brilhante - que se estende por 10 mil km (23 vezes a distância entre Rio de Janeiro e São Paulo) - permaneceu fixa no topo das nuvens de Vênus.
O fenômeno surpreende porque, na espessa atmosfera superior de Vênus, as nuvens se movimentam a 360 km/h. Ou seja, elas se locomovem muito mais rápido do que a lenta rotação do planeta abaixo delas, onde 1 dia dura mais do que o tempo que o planeta leva para orbitar em torno do Sol.
Ondas gravitacionais estacionárias
Tetsuya Fukuhara e seus colegas da Universidade de Tóquio informaram que a zona luminosa ficou parada sobre uma região montanhosa na superfície do planeta, conhecida como Terra de Afrodite.
Segundo eles, o fenômeno é o resultado de uma "onda gravitacional" gerada à medida que a atmosfera mais baixa atravessa as montanhas e se espalha para cima através da atmosfera espessa de Vênus.
Esse tipo de onda gravitacional ocorre quando um fluido - como um líquido, gás ou plasma - é deslocado de uma posição de equilíbrio - elas são diferentes das ondas gravitacionais geradas por ondulações no espaço-tempo devido à interação entre corpos celestes de grande massa.
O estudo, de acordo com os pesquisadores, "mostra uma evidência direta da existência de ondas gravitacionais estacionárias (fixas), e também indica que tais ondas gravitacionais estacionárias podem ter uma escala muito maior - talvez a maior já observada no sistema solar".