Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/04/2024
Maior câmera astronômica do mundo
Depois de quase 20 anos, do projeto à realização, está pronta a maior câmera digital já construída para a astronomia.
A câmera LSST - sigla em inglês para Levantamento Legado de Espaço e Tempo - será instalada no telescópio Vera C. Rubin, que está em construção no Chile, em uma localidade chamada Cerro Pachón.
A câmera tem aproximadamente o tamanho de um carro pequeno e pesa cerca de 3.000 kg. Sua lente frontal tem mais de 1,5 metro de diâmetro - a maior lente já feita para essa finalidade. Uma lente secundária, com 90 centímetros de diâmetro, teve que ser especialmente projetada para vedar a câmara de vácuo que abriga o enorme plano focal da câmera.
Esse plano focal é composto por 201 sensores CCD feitos sob medida, e é tão plano que sua superfície varia em não mais do que um décimo da largura de um fio de cabelo humano - os próprios píxeis têm apenas 0,01 mm (10 micrômetros) de largura.
A característica mais importante da câmera, porém, é sua capacidade de capturar detalhes em um campo de visão sem precedentes: Seriam necessárias centenas de TVs de ultra-alta definição para exibir apenas uma de suas imagens em tamanho real.
"As suas imagens são tão detalhadas que poderiam formar uma bola de golfe a cerca de 24 quilômetros de distância, enquanto cobrem uma faixa do céu sete vezes maior do que a Lua cheia. Estas imagens, com bilhões de estrelas e galáxias, ajudarão desvendar os segredos do Universo," disse o professor Aaron Roodman, um dos líderes do projeto.
O que a câmera permitirá fazer?
O objetivo essencial da câmera LSST será mapear as posições e medir o brilho de um grande número de corpos celestes, criando um catálogo do qual os pesquisadores esperam inferir uma riqueza de informações não disponível com os observatórios atuais.
Particularmente, a câmera LSST procurará sinais de lentes gravitacionais fracas, quando galáxias massivas curvam sutilmente a luz de galáxias de fundo mais distantes. As lentes gravitacionais fracas ajudam os astrônomos a estudar a distribuição da massa no Universo e como ela muda ao longo do tempo - quanto mais distante o fenômeno for observado, mais afastado ele estará no tempo.
Os astrônomos também querem estudar padrões na distribuição das galáxias e como estes mudaram ao longo do tempo, identificando aglomerados de matéria escura e detectando supernovas, o que pode ajudar a aprofundar a nossa compreensão tanto da matéria escura como da energia escura.
Mais perto de casa, o plano é fazer um censo dos muitos pequenos objetos do nosso Sistema Solar, o que poderá levar a uma nova compreensão de como o nosso Sistema Solar se formou e talvez ajudar a identificar ameaças de asteroides que chegam perto demais da Terra.