Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/08/2020
Revestimento de lixo eletrônico
Um processo de reciclagem típico converte grandes quantidades de peças usadas de um material em mais do mesmo material.
No entanto, essa abordagem não é viável para os eletrônicos antigos - ou "lixo eletrônico" - porque eles contêm pequenas quantidades de muitos materiais diferentes, que não podem ser facilmente separados.
Veena Sahajwalla e Rumana Hossain, da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, tiveram então uma ideia inusitada: usar o lixo eletrônico em sua forma misturada mesmo, gerando novo valor com um custo mínimo.
Eles se basearam no trabalho de outras equipes, que já haviam transformado restos de vidro e plástico em uma cerâmica rica em sílica, muito útil em várias aplicações.
A dupla então usou o mesmo processo de alta temperatura para transformar o lixo eletrônico e criar um material híbrido que se mostrou ideal para proteger superfícies metálicas contra desgaste e corrosão.
Eles primeiro trituraram monitores de computador antigos e aqueceram o pó a 1.500 ºC, gerando nanofios de carbeto de silício. Esses nanofios foram misturados com placas de circuito impresso também trituradas, tudo colocado sobre uma placa de aço, e novamente aquecido, só que desta vez a 1.000 ºC. Isso fundiu a mistura de lixo eletrônico sobre o aço.
Aço protegido e mais forte
Imagens do metal revestido, feito por microscopia, revelaram que, mesmo atingida fortemente por uma ferramenta de corte, a camada híbrida permaneceu firmemente fixada ao aço, sem rachar ou lascar.
E, melhor de tudo, o revestimento mais do que dobrou a dureza do aço, que apresentou uma melhoria de 125%.
A equipe chama esse processo de microrreciclagem seletiva e direcionada de "microcirurgia de material", afirmando que ele tem potencial para transformar o lixo eletrônico em novos revestimentos de superfície avançados, sem o uso de matérias-primas caras.