Com informações da UFRJ e Agência Brasil - 12/03/2018
Neuralringer
O Atlas, um dos quatro grandes detector do LHC (Grande Colisor de Hádrons) vai passar a rodar este ano com um software desenvolvido por pesquisadores do Coppe/UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O programa, chamado Neuralringer, é uma atualização do sistema responsável pela filtragem online das partículas envolvidas nas colisões que ocorrem no LHC, selecionando aquelas que têm interesse científico.
"Foi feita uma nova atualização do sistema, e a gente vai começar a colidir durante 2018, antes que o Atlas pare para novas atualizações e para retomar com a máquina colidindo mais forte do que está colidindo agora," contou o professor José Manoel de Seixas, que coordena a equipe brasileira no Atlas.
O sistema da Coppe possibilitará ao Cern fazer novas descobertas com menor custo financeiro. A estimativa é
Para se ter uma ideia dos avanços obtidos com as otimizações do programa, ele permitirá que o Cern deixe de comprar 10 mil computadores com processadores de quatro núcleos cada, o que significa economia em torno de US$ 80 mil, disse Seixas.
Colisões de interesse
No momento, o LHC está aumentando o número de choques entre prótons para ampliar os eventos físicos, essenciais à investigação e à descoberta de possíveis novas partículas, a exemplo do que ocorreu com o bóson de Higgs, a chamada "partícula de Deus", em 2012.
O objetivo agora é descobrir se o bóson de Higgs é único ou se se desdobra em outros modelos - se é "o" bóson de Higgs ou "um" bóson de Higgs. "A gente agora quer ver coisas que são ainda mais raras. Agora, eu faço uma colimação maior e aumento muito as chances de bater próton com próton. A ideia é com menos tempo descobrir coisas mais complicadas," explicou Seixas.
Os pesquisadores do LHC querem aumentar o número de eventos por colisão de 25 para 88, este ano, elevando para 200, até 2024. Isso aumentaria exponencialmente o volume de dados gerados que são coletados.
O programa Neuralringer permite encontrar eventos físicos de interesse nesse "palheiro" que não para de crescer. "A gente é capaz de rejeitar mais rapidamente os eventos que não têm chance de interessar ao Atlas e que antes dependiam de uma análise de processamento de imagens que era muito pesada," disse Seixas.