Logotipo do Site Inovação Tecnológica





Espaço

Hubble confirma mistério da taxa de expansão do Universo

Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/05/2022

Hubble confirma mistério da taxa de expansão do Universo
A equipe analisou 42 galáxias contendo variáveis cefeidas e supernovas, dois fenômenos celestes cruciais para determinar distâncias astronômicas e, assim, calcular como o Universo está se expandindo.
[Imagem: Adam G. Riess et al. (2022)]

Discrepância na expansão do Universo

Reunindo dados de 30 anos de observações do telescópio espacial Hubble, astrônomos acabam de aprofundar a chamada "tensão de Hubble", um mistério que vem abalando os fundamentos das teorias mais aceitas hoje para explicar o Universo.

Essa tensão tem a ver com a chamada constante de Hubble, que mede a taxa de expansão do Universo - a constante e o telescópio foram nomeados em homenagem ao mesmo Edwin Hubble, que, juntamente com Georges Lemaitre, descobriu a expansão do Universo.

O problema é que tem persistido uma discrepância nessa velocidade de expansão conforme ela é medida usando as observações do Universo inicial, muito antigo, e as observações do Universo atual.

No início da existência do Universo, a luz se movia através do plasma - não havia estrelas ainda - e de oscilações semelhantes às ondas sonoras. A constante de Hubble calculada a partir dessa radiação cósmica de fundo chega a um resultado de 67 quilômetros por segundo por megaparsec (km/s/Mpc ), o que significa que o Universo se expandia cerca de 67 km/s mais rápido a cada 3,26 milhões de anos-luz (um parsec).

Mas o resultado é diferente quando se observa o Universo depois que as estrelas nasceram, as galáxias se formaram e apareceram explosões chamadas supernovas, eventos extremos relacionados ao fim da vida de uma estrela. Com base nessas observações, a constante de Hubble fica em torno de 74 km/s/Mpc. Essa teimosa discrepância é conhecida hoje como "tensão de Hubble".

Sempre houve a esperança de que fosse descoberto algum erro de medição ou de interpretação em alguma das medições.

Contudo, pelo menos o resultado das medições feitas no Universo atual acaba de ser confirmado pela análise de mais de três décadas de observações do telescópio Hubble.

Taxa de expansão do Universo atual

O professor Adam Riess, ganhador do Nobel de Física por seus estudos envolvendo a aceleração da expansão do Universo, chefiou uma grande equipe para investigar a taxa de expansão do universo chamada SHOES, uma sigla em inglês para "Supernova, H0, Equação do Estado da Energia Escura".

"É para isso que o Telescópio Espacial Hubble foi construído, usando as melhores técnicas que conhecemos para fazê-lo. Esta é provavelmente a obra-prima do Hubble, porque levaria mais 30 anos de vida do Hubble para dobrar o tamanho da amostra," disse Riess. Com tantos dados, agora está praticamente descartada a ideia de que o valor da expansão medida na Universo atual tenha algum erro derivado de anomalias nos dados.

Para fazer sua medição, os astrônomos calibraram 42 variáveis cefeidas e supernovas. Como elas são vistas explodindo a uma taxa de cerca de uma por ano, o Hubble, para todos os propósitos práticos, registrou o maior número possível de supernovas para medir a expansão do Universo.

A conclusão é que a taxa de expansão do Universo é mais lenta do que o Hubble realmente vê. Ao combinar o Modelo Cosmológico Padrão do Universo e as medições do Telescópio Planck, que observou o fundo de micro-ondas cósmico, os astrônomos calcularam um valor para a constante de Hubble de 67,5 km/s/Mpc, com margem de erro de 0,5 quilômetro para mais ou para menos , em comparação com a estimativa da equipe SHOES, de 73 km/s/Mpc.

Portas para uma nova física

Dado o grande tamanho da amostra do telescópio Hubble, há apenas uma chance em um milhão de os cálculos estarem errados devido a problemas nos dados.

Os astrônomos estão em busca de uma explicação da desconexão entre a taxa de expansão do universo local versus o universo primitivo, mas a resposta pode envolver uma nova física - como um universo-espelho, como recentemente sugerido.

"Você pode achar que isso frustraria os astrônomos, mas, em vez disso, isso abre a porta para descobrir uma nova física e confrontar questões imprevistas sobre o funcionamento subjacente do Universo. E, por fim, isso nos lembra que temos muito mais a aprender entre as estrelas," escreveu a equipe.

Bibliografia:

Artigo: A Comprehensive Measurement of the Local Value of the Hubble Constant with 1 km s
Autores: Adam G. Riess, Wenlong Yuan, Lucas M. Macri, Dan Scolnic, Dillon Brout, Stefano Casertano, David O. Jones, Yukei Murakami, Gagandeep S. Anand, Louise Breuval, Thomas G. Brink, Alexei V. Filippenko, Samantha Hoffmann, Saurabh W. Jha, W. D'arcy Kenworthy, John Mackenty, Benjamin E. Stahl, Weikang Zheng
Revista: The Astrophysical Journal
Vol.: Acceptede paper
Seguir Site Inovação Tecnológica no Google Notícias





Outras notícias sobre:
  • Universo e Cosmologia
  • Corpos Celestes
  • Telescópios
  • Sondas Espaciais

Mais tópicos