Redação do Site Inovação Tecnológica - 19/11/2012
Fotossíntese artificial
Se você quer apostar em uma tecnologia realmente verde e sustentável para o futuro, a produção de hidrogênio a partir da luz solar está entre as favoritas.
A proposta é conhecida como fotossíntese artificial.
A grande vantagem do hidrogênio é que ele pode ser usado tanto para a produção da eletricidade consumida em residências e fábricas, quanto diretamente nos automóveis, usando as células a combustível.
O grande problema é que o hidrogênio usado industrialmente continua sendo produzido a partir do gás natural, um primo do petróleo.
Mas uma possível solução para a fotossíntese artificial acaba de ser encontrada por dois estudantes da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos.
Fotocatálise inorgânica
Zhiji Han e Fen Qiu, encontraram uma solução para a maior desvantagem das técnicas de fotossíntese artificial para a produção de hidrogênio: a vida curta dos materiais fotossensíveis, responsáveis por absorver a luz do Sol.
Os melhores sistemas fotocatalíticos artificiais são baseados em materiais orgânicos, que suportam cerca de 10.000 ciclos de geração de átomos de hidrogênio, e então precisam ser substituídos.
Os dois estudantes descobriram como usar nanocristais inorgânicos e um catalisador barato à base de níquel para elevar esse rendimento para 600.000 ciclos.
"Os sistemas fotocatalíticos normalmente usam moléculas orgânicas para capturar a luz. O problema é que elas duram apenas algumas horas ou, com sorte, um dia. Os nanocristais funcionaram por duas semanas sem nenhum sinal de degradação," explicou o professor Todd Krauss, orientador dos dois estudantes.
Outra grande vantagem do trabalho é o uso de um catalisador barato - enquanto a platina tradicionalmente usada em experimentos desse tipo custa US$24.000 por onça, o níquel custa US$8.
Funcionamento da fotossíntese artificial
Um sistema de fotossíntese artificial precisa de três elementos básicos: um cromóforo para absorver a luz, um catalisador para combinar prótons e elétrons, e uma solução para conter todo o conjunto.
A equipe usou nanocristais de seleneto de cádmio como cromóforos, nitrato de níquel como catalisador e água como solvente.
Os nanocristais foram incorporados em ácido dihidrolipoico, para ficarem solúveis em água. A solução recebeu ácido ascórbico como doador de elétrons, que precisa ser adicionado para que o sistema funcione continuamente.
Quando os fótons da luz do Sol incidem sobre o composto, eles arrancam elétrons do catalisador de níquel.
Quando dois elétrons estão disponíveis, eles se combinam com prótons da água, com ajuda do catalisador, para formar uma molécula de hidrogênio (H2).
A eficiência quântica do sistema atingiu 66%, o que significa que, a cada 100 fótons que atingem a solução, são produzidas 66 moléculas de hidrogênio.
Falta de paciência
O sistema mostrou-se tão robusto que produziu hidrogênio enquanto a fonte de elétrons esteve presente - ela foi retirada depois de duas semanas para encerramento do experimento.
"Ele poderia continuar funcionando por mais tempo, mas nós ficamos sem paciência," confessa o professor Patrick Holland, coautor do estudo.
O uso dos nanocristais inorgânicos é a grande estrela da inovação, embora o material não possa ser considerado o mais ambientalmente correto possível - pontos quânticos de seleneto de cádmio (CdSe) são altamente tóxicos.
Mas a demonstração do princípio abre caminho para estudos de outros nanocristais ou do revestimento dos pontos quânticos com materiais que os tornem menos agressivos.