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Halo de gás quente pode explicar matéria perdida do Universo

Com informações da Agência Fapesp - 25/09/2012

Halo de gás quente em torno da Via Láctea pode explicar matéria perdida
O halo em torno da Via Láctea pode ter até 2,5 milhões de graus - centenas de vezes mais quente do que a superfície do Sol - e pode conter a matéria comum ainda não detectada pelos astrônomos.
[Imagem: NASA/CXC/M.Weiss;NASA/CXC/Ohio State/A.Gupta et al.]

Halo quente

Um estudo feito por um grupo internacional de astrônomos encontrou indícios de que a Via Láctea está envolta por um enorme halo de gás quente.

A formação se estende por centenas de milhares de anos-luz e tem massa comparável com a soma das massas de todas as estrelas da galáxia.

O estudo foi conduzido a partir de observações feitas por meio do telescópio Chandra, o observatório de raios X da NASA.

Se a dimensão e a massa do halo de gás forem confirmadas, isso poderá resultar em uma explicação para o problema conhecido como "bárions perdidos da galáxia".

Matéria bariônica

Bárions são partículas, tais como prótons e nêutrons, que compõem mais de 99,9% de toda a massa de átomos existente no Universo.

Matéria bariônica representa a matéria tal como nossos sentidos a captam, diferentemente de outros componentes do Universo, como a matéria escura e a energia escura.

Medidas de halos de gases e de galáxias extremamente distantes indicaram que a matéria bariônica presente quando o Universo tinha apenas 4 ou 5 bilhões de anos representava cerca de um sexto da massa e da densidade da matéria não observável - também chamada de matéria escura.

É importante notar que "matéria não observável" é diferente de matéria ainda não encontrada: mesmo que a matéria bariônica seja perfeitamente detectável pelos nossos instrumentos, uma porção significativa dessa "matéria normal" ainda não foi encontrada.

É aí que o novo estudo mostra a sua importância.

Um censo feito recentemente estimou o total de bárions presente nas estrelas e gases na Via Láctea e em galáxias vizinhas. O resultado apontou que pelo menos metade dos bárions simplesmente não estava presente.

Outros estudos haviam indicado que a Via Láctea e suas vizinhas estariam envoltas em gases com temperaturas que variam aproximadamente entre 100.000 e 1 milhão de graus Celsius.

O novo estudo sugere que o halo em torno da Via Láctea pode ter até 2,5 milhões de graus - centenas de vezes mais quente do que a superfície do Sol.

Matéria perdida do Universo

Os cientistas também concluíram que a massa de gás do halo é equivalente à massa de mais de 10 bilhões de vezes a do Sol. E pode ser ainda maior, chegando a 60 bilhões de vezes a do Sol.

A pesquisa feita por Anjali Gupta, da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, aponta uma possibilidade para a dúvida de onde foram parar os bárions perdidos na Via Láctea: eles estariam escondidos no halo que envolve a galáxia.

E a densidade estimada do halo é tão pequena que halos em outras galáxias podem ter escapado das observações dos astrônomos até hoje.

Lançado em 1999, o Chandra é um dos quatro Grandes Observatórios da NASA, ao lado do Hubble, do Compton (de raios gama) e do telescópio espacial Spitzer.

Bibliografia:

Artigo: A huge reservoir of ionized gas around the Milky Way: accounting for the missing mass?
Autores: A. Gupta, S. Mathur, Y. Krongold, F. Nicastro, M. Galeazzi
Revista: The Astrophysical Journal
Vol.: 756 L8
DOI: 10.1088/2041-8205/756/1/L8
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