Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/05/2022
Refrigeração com MOFs
O Protocolo de Montreal ajudou a banir a maioria dos gases clorofluorocarbonos (CFCs), que destroem a camada de ozônio, mas os substitutos dos CFCs também estão sob suspeita.
Que tal então substituir esses gases por cerâmicas que respiram?
Esta é a inovação criada por Javier García-Ben e seus colegas da Universidade de Coruña, na Espanha, que trabalham com uma categoria de cerâmica high-tech conhecida por MOF, sigla em inglês de estruturas metal-orgânicas, materiais extremamente porosos.
O que a equipe descobriu é que algumas dessas estruturas metal-orgânicas (MOFs) podem "respirar" dióxido de carbono (CO2), com o detalhe de que, ao exalar o gás de volta para o ambiente elas resfriam, criando uma alternativa mais ecológica para a refrigeração, das geladeiras domésticas aos sistemas industriais de ar-condicionado.
E as mudanças térmicas são grandes o suficiente para atender aos requisitos de refrigeração industrial mais críticos.
Transição respiratória
Ao adsorver diferentes gases, algumas MOFs sofrem alterações estruturais que expandem seus poros. Como essas transformações se assemelham à respiração, elas são conhecidas como "transições respiratórias".
Agora, pela primeira vez, os pesquisadores observaram que essas transições são acompanhadas por mudanças de energia térmica: Quando as MOFs de tereftalato de alumínio adsorvem CO2 pressurizado, o material aquece à medida que seus poros se expandem. Em contrapartida, à medida que o gás é liberado novamente, a cerâmica encolhe de volta à sua forma original, liberando calor e criando um ciclo que pode ser usado para refrigerar o ambiente ou um recipiente.
Esse fenômeno, que a equipe chama de efeito calórico-respiratório, soma-se a uma família de efeitos onde estímulos externos - como forças mecânicas e campos eletromagnéticos - induzem o resfriamento.
Os pesquisadores afirmam que as MOFs respiratórias podem substituir os atuais hidrofluorcarbonos (HCFs) para refrigeração - estes são os atuais substitutos dos banidos clorofluorocarbonos.
O sistema funcionou entre -20 e 60°C, o que não é possível se apenas dióxido de carbono for usado como refrigerante. E, ao contrário de outras alternativas, as MOFs requerem apenas baixas pressões de CO2, ao mesmo tempo em que apresentam mudanças térmicas semelhantes aos HCFs e outros refrigerantes.
Embora isso possa estimular a implementação industrial, algumas propriedades precisas desses materiais ainda precisarão ser estudadas em detalhes - incluindo as transições exatas de temperatura de resfriamento desencadeadas durante a operação.