Com informações do RCGI e Fapesp - 17/12/2019
Dobrando a eficiência
Engenheiros do Centro de Pesquisas para Inovações do Gás (RCGI), em São Paulo, começaram a testar gás natural veicular (GNV) em um veículo híbrido movido a gasolina.
No veículo, um Toyota Prius, foram instalados dois tanques de gás, cada um com 7,5 metros cúbicos (m3).
Nos testes urbanos, o híbrido modificado fez 22 quilômetros (km) por litro de gasolina. Já com o GNV o veículo rodou 28 km com 1 m3 de gás natural.
O preço médio da gasolina na cidade de São Paulo, no período dos testes, ficou em R$ 4,15 por litro, enquanto o preço do GNV no mesmo período foi R$ 2,86 por m3. Ou seja: se o carro modificado fosse abastecido com gasolina, ele rodaria 22 quilômetros gastando R$ 4,15. Se ele fosse abastecido com GNV, o motorista poderia chegar a 40 quilômetros rodados com os mesmos R$ 4,15 - quase o dobro da distância.
"O veículo já tem um consumo muito baixo de gasolina, mas o consumo de GNV foi ainda menor", disse o professor Júlio Meneghini, diretor científico do RCGI.
Já Renato Romio, chefe do laboratório de motores de veículos do Instituto Mauá de Tecnologia e um dos responsáveis pelo projeto, afirma que, com o uso do GNV, na comparação com a gasolina, ganha-se duplamente. "Primeiro, por conta da eficiência do híbrido; e segundo, porque se emite menos CO2 com o uso do GNV. Isso porque o metano, ao ser queimado, emite 15% menos CO2 do que a gasolina." O metano é o principal componente do gás natural.
Testes na estrada
Os próximos testes envolverão ensaios mais robustos da medição do consumo de combustível, além da medição das emissões de CO2 e outros gases estufa e de poluentes. Os integrantes do projeto testarão ainda o uso do biometano nos tanques de gás e de etanol no lugar da gasolina.
E o consumo do veículo também deverá ser testado em rodovias. "Na estrada ainda não testamos, mas sabemos que se exige muito do motor a combustão nesta condição, e o carro híbrido acaba tendo um rendimento mais parecido com o convencional," ressalvou Romio.
Já Meneghini chama a atenção para a autonomia do veículo híbrido modificado no circuito urbano: "Abastecendo os dois tanques de gás do veículo, mais o tanque de gasolina, que comporta cerca de 40 litros, é possível ter uma autonomia de mais de 1.100 km na cidade."
O RCGI é fruto de uma parceria da FAPESP com a Shell, congregando engenheiros da USP, Instituto Mauá de Tecnologia e Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).