Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/03/2023
Fotossíntese artificial
Um consórcio europeu, formado por pesquisadores da Alemanha, Espanha, França, Itália e Suíça, anunciou resultados entusiasmadores obtidos pelo Projeto A-Leaf (folha artificial), cujo objetivo é desenvolver a fotossíntese artificial.
O resultado final é um dispositivo autônomo capaz de converter dióxido de carbono (CO2) e água (H2O) em combustíveis, tudo alimentado por luz solar.
A célula fornece uma eficiência de energia solar para combustível de mais de 10%, atingindo densidades de corrente recordes sem o uso de qualquer matéria-prima crítica, como catalisadores caros.
"Isso demonstra que sustentabilidade e alta produtividade também podem ser alcançadas com materiais de baixo custo e escaláveis," disse o professor José Mascarós, do Instituto de Química da Catalunha, na Espanha.
Além disso, a equipe demonstrou o conceito de produzir hidrogênio (H2) e um elemento de armazenamento do gás (formato) simultaneamente, com o último sendo usado para produzir H2 na ausência de luz solar. Esta solução permitiu pela primeira vez a produção contínua (24/7) de hidrogênio usando um dispositivo do tipo folha artificial.
Pronta para sair do laboratório
O dispositivo desenvolvido pelo consórcio é uma célula de fluxo eletroquímico muito compacta, com eletrodos baseados em óxidos de cobre-enxofre (Cu-S), para as reações de redução de prótons (núcleos de hidrogênio) e CO2, e níquel-ferro-zinco (Ni-Fe-Zn), para as reações de liberação do oxigênio - observe que não há nenhum catalisador de metais preciosos.
Tudo isto foi integrado em um módulo fotovoltaico tradicional feito de silício (Si).
A célula opera em uma densidade de corrente de cerca de 17 mA cm-2 e uma tensão de 2,5 V que se manteve estável por mais de 24 horas, inclusive durante as operações de ligar e desligar, fornecendo uma produtividade de formato de 190 μmol h-1 cm-2.
Segundo a equipe, a tecnologia da folha artificial está pronta para ser levada do laboratório para uma maior escala, onde deverá ser otimizada, com o objetivo final de construir uma árvore artificial, "abrindo o caminho para realizar o sonho de um futuro sustentável".
"Este é o primeiro exemplo de uma folha artificial com uma eficiência uma ordem de grandeza maior do que a de uma folha natural. Estamos agora buscando implementar o próximo passo, de construir um protótipo em grande escala para demonstrar a viabilidade industrial," disse a professora Siglinda Perathoner, da Universidade de Estudos de Messina, na Itália.