Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/02/2022
Músculo artificial de proteínas
Materiais que funcionam como músculos artificiais estão disponíveis há décadas, e têm sido explorados em experimentos de robótica e outros mecanismos de pequeno porte.
A vantagem é que esses materiais são muito mais simples e mais leves do que os motores, e podem fornecer movimento acionados por eletricidade, calor ou luz.
Agora, pesquisadores da Universidade de Freiburg, na Alemanha, desenvolveram o primeiro músculo artificial - capaz de se contrair autonomamente - feito de proteínas naturais.
O músculo artificial é baseado em elastina, uma proteína fibrosa natural que também ocorre nos seres humanos, por exemplo, dando elasticidade à pele e aos vasos sanguíneos.
"Nosso músculo artificial ainda é um protótipo. No entanto, a alta biocompatibilidade do material e a possibilidade de ajustar sua composição para combinar com um tecido específico podem abrir caminho para futuras aplicações em medicina reconstrutiva, próteses, farmacêutica ou robótica leve," disse o professor Stefan Schiller.
As contrações autônomas do material podem ser controladas por mudanças de pH ou temperatura, com os movimentos sendo impulsionados por uma reação química que consome energia molecular.
Elastina sintética
Seguindo o modelo da proteína natural, os pesquisadores desenvolveram duas proteínas sintéticas semelhantes à elastina, uma das quais responde a flutuações de pH, enquanto a outra responde a mudanças de temperatura.
As duas proteínas foram combinadas por meio de reticulação fotoquímica, formando um material de duas camadas, o que permite não apenas moldar o material para a função e local onde ele deve ser instalado, como também definir a direção do seu movimento.
Em sua primeira demonstração, a equipe induziu as contrações rítmicas do músculo artificial usando uma fonte de energia química como combustível, neste caso o sulfito de sódio. Em uma reação química oscilante, em que o pH muda em ciclos devido a uma ligação especial de várias reações, a energia do sulfito de sódio foi convertida em energia mecânica através de estados de não-equilíbrio do material. O mesmo foi feito com a temperatura, com a vantagem de que a variação de calor permite configurar posições definidas para o material.
"Como ele é derivado da proteína natural elastina e foi produzido por nós por meios biotecnológicos, nosso material é marcado por uma alta sustentabilidade, que também é relevante para aplicações técnicas," disse Schiller. "No futuro, o material poderá ser desenvolvido ainda mais para responder a outros estímulos, como a concentração de sal no ambiente, e consumir outras fontes de energia, como o malato derivado da biomassa."