Com informações do FNAL - 08/12/2015
Princípio Holográfico
Em sua busca por indícios do Princípio Holográfico, a primeira expedição de medições, contando com o mais preciso instrumento já construído para essa finalidade, voltou de mãos vazias.
O Princípio Holográfico é uma hipótese derivada da Teoria das Cordas que propõe que nosso Universo é um holograma cósmico, cuja projeção a partir de uma superfície 2D nos dá a sensação de um mundo 3D.
Se isso for verdade, deve ser possível detectar sinais desses píxeis fundamentais de informação, em uma escala na qual o espaço-tempo deixa de ser contínuo.
Para isso, o professor Craig Hogan, da Universidade de Chicago e do Fermilab, nos Estados Unidos, desenvolveu a teoria do ruído holográfico e construiu um equipamento para detectar esses ruídos: o Holômetro.
Holômetro
Construído em um túnel no Fermilab, o holômetro consiste em um conjunto de lasers e espelhos com uma sensibilidade sem precedentes, capaz de medir movimentos que duram apenas um milionésimo de segundo e distâncias equivalentes a um bilionésimo de um bilionésimo de um metro - mil vezes menor do que um único próton.
Nosso senso comum, e as leis da física, assumem que o espaço e o tempo são contínuos. A teoria do professor Hogan e o holômetro desafiam essa suposição.
Sabemos que a energia no nível atômico, por exemplo, não é contínua e vem em quantidades pequenas, indivisíveis, os quanta, que estão na base de toda a física quântica. O holômetro foi construído para testar se o espaço e o tempo também teriam uma estrutura semelhante, com uma unidade básica fundamental.
Se espaço e tempo forem mesmo assim, isso significaria que tudo é pixelado, como uma imagem digital - quando você aumenta muito o zoom, vê que uma imagem digital não é contínua, mas formada por píxeis individuais. Uma imagem só pode armazenar tanta informação quanto o número de seus píxeis permite. Se o universo for segmentado da mesma forma, então haveria um limite para a quantidade de informação que o espaço-tempo pode conter.
Espaço e tempo contínuos
Mas os primeiros resultados, divulgados após um ano de coleta de dados, descartam a teoria do universo pixelado do professor Hogan com um elevado nível de significância estatística. Ou seja, o holômetro não detectou a quantidade de ruído holográfico correlacionado previsto pelo modelo de espaço-tempo pixelado.
Porém, isto não se mostrou uma decepção completa nem para o Princípio Holográfico e nem para o professor Hogan.
No primeiro caso, a maioria dos físicos que trabalha com a ideia de que nosso Universo é um holograma não concorda que o holômetro seja capaz de medir qualquer coisa relacionada ao holograma cósmico. Muitos deles já haviam vindo a público dizer que o aparelho não é capaz de confirmar ou rejeitar a teoria - tudo o que o holômetro faz é medir a hipótese do professor Hogan, apenas um dos inúmeros modelos construídos para tentar explicar o Princípio Holográfico.
No segundo caso, Hogan enfatiza que sua ideia era apenas uma hipótese, mas o holômetro mostrou que o espaço-tempo pode ser sondado a um nível sem precedentes. "Este é apenas o começo da história," disse ele. "Nós desenvolvemos uma nova forma de estudar o espaço e o tempo que não tínhamos antes. Nós nem mesmo tínhamos certeza de que poderíamos atingir a sensibilidade que alcançamos."
Estudar o espaço e o tempo
Então, o que fazer agora? Hogan disse que a equipe do holômetro continuará a coletar e analisar dados, e publicará estudos mais gerais e mais sensíveis sobre os ruídos detectados pelo aparelho.
O desafio para estudar o espaço e o tempo com mais precisão consiste em eliminar todas as outras fontes de movimento até restar uma flutuação que não possa ser explicada pelas teorias atuais.
Se o holômetro detectar um ruído que os pesquisadores não consigam eliminar, ele poderia estar detectando um ruído intrínseco ao espaço-tempo - um "átomo de espaço" -, o que poderia significar que a informação em nosso universo poderia realmente ser codificada em pequenos pacotes em duas dimensões. Neste caso, o espaço-tempo teria uma resolução maior do que a prevista pelo professor Hogan.