Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/03/2022
Estrela com anéis
Astrofísicos estudaram em detalhes sem precedentes uma estrela gigante vermelha chamada V Hydrae - abreviada como V Hya - e descobriram que a morte de uma estrela não é tão simples quanto se pensava.
A estrela rica em carbono expeliu seis anéis, que estão se expandindo lentamente, além de uma estrutura em forma de ampulheta ejetando matéria para o espaço em alta velocidade.
Isso indica que a estrela não cessou simplesmente sua produção de energia, mas está passando por uma rápida transformação ao chegar ao fim de sua vida.
"Esta é a primeira e única vez que uma série de anéis em expansão foi vista em torno de uma estrela que está em seus momentos finais - uma série de 'anéis de fumaça' em expansão, que calculamos estão sendo soprados a cada poucas centenas de anos," disse Mark Morris, da Universidade da Califórnia de Los Angeles.
A estrela está localizada a aproximadamente 1.300 anos-luz da Terra, na constelação da Hydra. O estudo usou dados do radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e do Telescópio Espacial Hubble.
Mecanismos desconhecidos
Mais de 90% das estrelas com massa igual ou maior que a massa do Sol evoluem para as chamadas estrelas gigantes assintóticas, ou estrelas AGB (Asymptotic Giant Branch), das quais V Hya é um exemplo.
Entre esses milhões de estrelas, V Hya tem sido de particular interesse para os astrônomos devido aos seus comportamentos e características únicas, incluindo erupções extremamente grandes de plasma que ocorrem aproximadamente a cada oito anos, além da presença de uma estrela companheira quase invisível, que contribui para o comportamento explosivo de V Hya.
"Nós flagramos esta estrela moribunda no processo de desprendimento de sua atmosfera - em última análise, a maior parte de sua massa - o que é algo que a maioria das estrelas gigantes vermelhas em estágio avançado fazem," disse Morris. "Mas, para nossa surpresa, descobrimos que a matéria neste caso está sendo expelida na forma de uma série de anéis."
O mecanismo que produz os anéis, provavelmente explosões curiosamente ritmadas, é desconhecido e exigirá mais pesquisas.
O astrônomo conta que a equipe também observou explosões de gás de alta velocidade, perpendiculares a esses anéis, que foram expelidas em duas direções opostas.
"Nós suspeitamos que [as formações] possam estar relacionadas à presença de estrelas companheiras em órbita, mas é difícil explicar isso, dado o intervalo de poucas centenas de anos entre as ejeções dos anéis," disse Morris. "Esta estrela está fornecendo uma nova e fascinante ruga na nossa compreensão de como as estrelas terminam suas vidas."