Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/12/2017
Robótica integrada aos materiais
A robótica é sistematicamente apontada como uma das áreas tecnológicas mais promissoras há algumas décadas, mas não temos visto muitos robôs por aí.
E talvez nem mesmo devamos vê-los no futuro porque estamos com uma noção incorreta de como os robôs devem ser, argumenta um grupo de roboticistas das universidades do Oregon, Colorado e Yale, nos EUA, e da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça.
Em vez das figuras muito icônicas dos robôs humanoides e androides, a equipe afirma que a robótica não irá resultar em cérebros positrônicos dotados de corpos artificiais - os robôs serão cérebros introduzidas nos próprios objetos com os quais lidamos, algo como uma "matéria inteligente".
Isso contesta a suposição básica de que os robôs são, ou "máquinas que executam bits de código", ou "bots de software" interagindo com o mundo através de instrumentos físicos.
"Nós tomamos um terceiro caminho: um caminho que incorpora a inteligência na própria matéria de um robô. O futuro que estamos sonhando é aquele dos materiais ativados pela robótica, algo como os próprios robôs sendo integrados aos objetos do dia-a-dia," disse o pesquisador Yigit Mengüç.
Objetos robotizados
Para citar um exemplo do que vislumbra como o futuro da robótica, o pesquisador começa do básico: um sapato.
"Sapatos que sejam capazes de apoiar de forma inteligente a sua marcha, alterar a rigidez conforme você está correndo ou andando, ou com base na superfície em que você está ou na biomecânica do seu pé. Esse é um produto potencial. Exemplos desse tipo de inteligência material abundam na natureza, onde a funcionalidade complexa resulta de sistemas de materiais simples.
"O ponto aqui com algo como um sapato autoajustável é que ele não se parece com um robô - esse é o tipo de direção da onipresença robótica que estamos imaginando," destacou Mengüç.
Se essa for realmente a tendência, à medida que a tecnologia se tornar mais capaz, ela tenderá a seguir um padrão de desaparecimento no contexto da vida cotidiana.
"Veja os smartphones. A correção automática, uma versão muito pequena e empobrecida da inteligência artificial, é onipresente. No futuro, seu smartphone poderá ser feito de um material esticável e dobrável, por isso não haverá perigo de ele se quebrar. Ou poderá ter alguma atuação, onde ele muda de forma na sua mão para ajudar na exibição da imagem, ou ele pode ser capaz de comunicar algo sobre o que você está observando na tela.
"O que eu veria como o sucesso da robótica material é quando a tecnologia que fabricamos não for mais estática - todos esses bits e peças de tecnologia que achamos normais na vida serão coisas vivas, fisicamente responsivas, movendo-se, mudando de forma em resposta às nossas necessidades, e não apenas telas planas e estáticas," vislumbra o pesquisador.
Matéria robótica
Mas em que ponto estamos rumo a essa robótica material, ou matéria robótica?
Atualmente, existem duas abordagens distintas para a criação de materiais compósitos que tentam emular a complexidade da funcionalidade dos tecidos biológicos: a síntese de novos materiais dotados de novas propriedades e a integração de peças feitas com os materiais tradicionais para formar sistemas inteligentes.
Os cientistas de materiais estão desenvolvendo novos materiais com a multifuncionalidade inerente necessária para aplicações robotizadas, enquanto os roboticistas estão trabalhando em novos sistemas integrando componentes e peças.
"A convergência dessas abordagens acabará por produzir a próxima geração de materiais capacitados pela robótica," disse Mengüç. "É uma parceria natural que levará a robôs com cérebros em seus corpos - robôs baratos e sempre presentes integrados ao mundo real".