Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/11/2012
Tecido sensível
Engenheiros de Hong Kong desenvolveram uma nova tecnologia que permite que circuitos eletrônicos amoldem-se ao corpo humano sem causar qualquer desconforto.
A base de tudo está em um tecido capaz de conduzir eletricidade, permitindo a incorporação e a interligação de componentes eletrônicos.
O tecido, que incorpora uma sensibilidade à pressão de forma nativa, foi construído com tipos especiais de plástico que incorporam nanotubos de carbono em sua composição.
A espessura do tecido altera-se quando ele é esticado ou pressionado, variando a intensidade da corrente elétrica que passa por ele. Isso equivale a alterar sua resistência elétrica, uma propriedade que pode ser medida facilmente.
Tecido eletrônico resistente
Várias demonstrações de tecidos eletrônicos - ou e-tecidos - já foram realizadas antes, mas o material tende a perder a capacidade de conduzir eletricidade quando é exigido ao extremo, ou seja, quando é submetido a uma deformação muito intensa.
O grande feito da equipe do professor Xiaoming Tao foi desenvolver um processo de fabricação que produz fibras de carbono-polímero muito resistentes, e que pode ser usado em larga escala.
"Nosso novo tecido apresenta elevada sensibilidade à deformação e pode ser esticado como um elástico. Nós fabricamos um protótipo que pode resistir e responder a pressões de até 2.000 kPa," disse o pesquisador.
Os testes mostraram que o tecido eletrônico é lavável, à prova d'água, e resiste à fadiga imposta por múltiplos usos.
Como desenvolveram um processo de fabricação prático, os cientistas acreditam que sua técnica poderá viabilizar o uso prático do seu tecido eletrônico.
Para isso, eles se asseguraram de que o material resultante fosse macio, leve e com uma malha com uma densidade que permita que a pele respire.
Palmilha eletrônica
As primeiras utilizações do e-tecido deverão se concentrar no monitoramento da saúde, da medição do ritmo cardíaco até a detecção da postura correta no andar.
Para demonstração das potencialidades do material, a equipe construiu uma palmilha eletrônica que transmite dados por uma conexão sem fios.
O sensor pode, por exemplo, emitir um alerta indicando se uma pessoa idosa caiu, ou mesmo permitir o rastreamento de um paciente com problemas neurológicos.
Mas a equipe sugere também usos mais divertidos.
"Nossos sensores flexíveis serão úteis em botões de acionamento, controladores de jogos e plataformas de dança. Os jogos de computador serão mais divertidos e agitados do que nunca," disse Aaron Wang, membro da equipe.
"Nosso objetivo final é o desenvolvimento de um sistema integrado com capacidade computacional, comunicação sem fios e fontes de colheita de energia ambiental, o que eu acredito que vai ter um profundo impacto em telemedicina, nos cuidados com a saúde e nos treinamentos esportivos," resumiu o professor Tao.
A Universidade de Hong Kong já licenciou a tecnologia para uma empresa que planeja colocar o tecido eletrônico no mercado.