Com informações da Universidade de Cornell - 15/05/2023
Surto na demanda por metais
A migração da indústria automotiva dos veículos a combustão para os veículos elétricos elevará acentuadamente a demanda não apenas do lítio que dá nome às baterias, mas também do níquel, cobalto, manganês e platina, necessários para fabricar essas mesmas baterias e os sistemas elétricos veiculares associados.
E, embora esse movimento seja impulsionado pelas metas de redução das emissões de gases de efeito estufa, esse aumento na demanda dos metais criará uma variedade de efeitos colaterais indesejados, incluindo problemas econômicos e na cadeia de suprimentos.
Esta é a conclusão de uma equipe da Universidade de Cornell, nos EUA, que analisou os dados de 48 países comprometidos em desempenhar um papel importante na eletrificação do transporte, incluindo EUA, China e Índia.
Em um cenário em que 40% dos veículos serão elétricos até 2050, a necessidade global de lítio aumentará 2.909% em relação ao nível de 2020. Se 100% dos veículos forem elétricos até 2050, a necessidade de lítio dispara, alcançando um aumento de 7.513%.
Dos anos de 2010 a 2050, neste último cenário, em que todos os veículos fossem elétricos, a demanda anual de lítio aumentaria globalmente de 747 toneladas para 2,2 milhões de toneladas. Hoje não existem minas capazes de suprir essa demanda.
Em meados do século, a demanda por níquel eclipsaria outros metais críticos, já que a necessidade global variaria de 2 milhões de toneladas, quando 40% dos veículos fossem elétricos, até 5,2 milhões de toneladas, quando todos os veículos fossem elétricos.
A demanda anual de cobalto (variando de 0,3 a 0,8 milhão de toneladas) e manganês (variando de 0,2 a 0,5 milhão de toneladas) aumentará na mesma ordem de grandeza em 2050, de acordo com as estimativas da equipe.
Riscos de mercado
E toda esta situação está se delineando em um momento em que a mineração enfrenta mundialmente uma queda de popularidade devido ao impactos sobre o meio ambiente.
Atualmente, a oferta dos metais e minerais críticos para essa nova etapa da indústria automotiva estão centralizados no Chile, Congo, Indonésia, Brasil, Argentina e África do Sul, todos países considerados "politicamente instáveis" aos olhos do mundo industrializado.
"Os suprimentos instáveis de metais e minerais críticos podem exacerbar os riscos de abastecimento sob o aumento da demanda," disse Fengqi You, membro da equipe.
Em seu artigo, os pesquisadores pedem cautela na eletrificação dos veículos pesados, que requerem metais críticos em quantidade muito maior do que outros veículos. Embora representem apenas entre 4% e 11% da frota rodoviária total em alguns países, os metais críticos relacionados a baterias usados em veículos elétricos pesados representarão 62% da demanda de metais críticos nos cenários analisados.
Recomendações
Entre as sugestões dos pesquisadores para o manejo desse aumento na demanda de metais estão: