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Desvendada origem da maioria dos meteoritos que já caíram na Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/10/2024

Desvendada origem da maioria dos meteoritos que já caíram na Terra
Estudar essas rochas celestes é importante porque há indícios de que os meteoritos podem estar envolvidos com a origem da vida na Terra.
[Imagem: O. Trapp]

De onde vêm os meteoritos?

Uma equipe internacional de pesquisadores acredita ter explicado a origem de 70% de todos os meteoritos que caíram na Terra e que foram identificados até hoje.

Ao contrário do que se acreditava - de que os meteoritos viessem de uma multiplicidade de fontes - o novo trabalho estabelece que a maioria se origina de apenas três famílias de asteroides.

Essas famílias, Karin, Corônis e Massalia, foram criadas por três colisões recentes que ocorreram no Cinturão Principal de Asteroides, entre Marte e Júpiter, há 5,8 milhões de anos, 7,5 milhões de anos e cerca de 40 milhões de anos, respectivamente. Todas elas são consideradas muito jovens para os padrões cósmicos.

Em particular, a família Massalia foi identificada como sendo a fonte de 37% dos meteoritos conhecidos.

Embora sejam conhecidos mais de 70.000 meteoritos, apenas 6% foram claramente identificados por sua composição (acondritos) como vindos da Lua, de Marte ou de Vesta, um dos maiores asteroides do Cinturão Principal. A fonte dos outros 94% dos meteoritos, a maioria dos quais são condritos comuns, nunca foi estudada em detalhes.

Desvendada origem da maioria dos meteoritos que já caíram na Terra
Meteorito El Médano 128, um condrito comum (grupo L) encontrado no deserto do Atacama em 2011.
[Imagem: Jérôme Gattacceca/CNRS/CEREGE]

Por que essas três famílias jovens são a fonte de tantos meteoritos?

Isso pode ser explicado pelo ciclo de vida das famílias de asteroides, segundo os autores de três estudos publicados pela equipe que fez a análise.

As famílias jovens são caracterizadas por uma abundância de pequenos fragmentos deixados por colisões. Essa abundância aumenta o risco de colisões entre fragmentos e, juntamente com sua alta mobilidade, sua fuga do cinturão, e frequentemente eles escapam na direção da Terra.

As famílias de asteroides produzidas por colisões mais antigas, por outro lado, seriam fontes "esgotadas" de meteoritos. A abundância de pequenos fragmentos que antes as compunham foi naturalmente erodida e finalmente desapareceu após dezenas de milhões de anos de colisões sucessivas e de sua evolução dinâmica.

Assim, Karin, Corônis e Massalia inevitavelmente coexistirão com novas fontes de meteoritos de colisões mais recentes e eventualmente darão lugar a elas.

Desvendada origem da maioria dos meteoritos que já caíram na Terra
Imagem de luz polarizada do condrito ordinário (grupo H) San Juan 029, encontrado no Deserto do Atacama em 2008. A imagem tem uma largura de 3 mm.
[Imagem: Jérôme Gattacceca/CNRS/CEREGE]

Árvore genealógica de meteoritos e asteroides

Essa descoberta foi possível graças a um levantamento da composição de todas as principais famílias de asteroides no Cinturão Principal de Asteroides, entre Marte e Júpiter. As observações por telescópios foram combinadas com simulações de computador de última geração da evolução das colisões e da dinâmica dessas principais famílias.

Essa abordagem foi estendida a todas as famílias de meteoritos, revelando as fontes primárias dos condritos e dos acondritos carbonáceos, que vêm além daqueles da Lua, Marte e Vesta.

O estudo também permitiu rastrear a origem de alguns asteroides grandes, com dimensões acima de um quilômetro, um tamanho que ameaça a vida na Terra em caso de colisão. Esses objetos são o foco de muitas missões espaciais (NEAR Shoemaker, Hayabusa 1, Chang'E, Hayabusa 2, OSIRIS-Rex, DART, Hera etc.).

Em particular, parece que os asteroides Ryugu e Bennu, dos quais as missões Hayabusa 2, da Agência Espacial Japonesa, e OSIRIS-REx, da NASA, coletaram amostras, que estão sendo estudadas em diversos laboratórios ao redor do mundo, são derivados do mesmo asteroide pai, pertencente à família Polana.

A origem dos 10% restantes dos meteoritos coletados continua desconhecida. Para tentar consertar isso, a equipe planeja continuar sua pesquisa, desta vez se concentrando na caracterização de todas as famílias que foram formadas há menos de 50 milhões de anos.

Bibliografia:

Artigo: The origin of most meteorites finally revealed
Autores: M. Broz, P. Vernazza, M. Marsset, R. P. Binzel, F. DeMeo, M. Birlan, F. Colas, S. Anghel, S. Bouley, C. Blanpain, J. Gattacceca, S. Jeanne, L. Jorda, J. Lecubin, A. Malgoyre, A. Steinhausser, J. Vaubaillon, B. Zanda
Revista: Astronomy and Astrophysics
Vol.: 689, A183
DOI: 10.1051/0004-6361/202450532

Artigo: Young asteroid families as the primary source of meteorites
Autores: M. Broz, P. Vernazza, M. Marsset, F. E. DeMeo, R. P. Binzel, D. Vokrouhlicky, D. Nesvorny
Revista: Nature
Vol.: 634, pages 566-571
DOI: 10.1038/s41586-024-08006-7

Artigo: The Massalia asteroid family as the origin of ordinary L chondrites
Autores: M. Marsset, P. Vernazza, M. Broz, C. A. Thomas, F. E. DeMeo, B. Burt, R. P. Binzel, V. Reddy, A. McGraw, C. Avdellidou, B. Carry, S. Slivan, D. Polishook
Revista: Nature
Vol.: 634, pages 561-565
DOI: 10.1038/s41586-024-08007-6
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