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Descoberta a maior superestrutura já vista no Universo

Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/02/2025

Descoberta a maior superestrutura já vista no Universo
Distribuição de galáxias (codificação de cores) e aglomerados de galáxias (pontos pretos) em uma concha esférica com uma distância de 416 a 826 milhões de anos-luz. Estão marcadas cinco superestruturas: (1) Quipu, (2) Shapley, (3) Serpente-Coroa Boreal e Hércules (sobrepostas no céu) e (4) Escultor-Pégaso. A área delimitada por linhas brancas é sombreada pelo disco da Via Láctea.
[Imagem: MPE]

Maior estrutura do Universo

Uma equipe de astrônomos da África do Sul, Alemanha e Espanha encontrou a maior superestrutura já descrita de forma confiável no Universo.

Com um comprimento de cerca de 1,4 bilhão de anos-luz, a nova estrutura, que consiste principalmente de matéria escura, é a maior estrutura conhecida até o momento.

A descoberta foi feita durante o mapeamento do Universo próximo usando aglomerados de galáxias detectados pelo levantamento do céu pelo observatório de raios X ROSAT, um antigo telescópio espacial que já não está mais em operação - seu sucessor, o telescópio espacial eRosita, está mapeando o céu inteiro em raios X.

Quando se olha para as médias das massas em volumes muito grandes, o Universo parece quase homogêneo. Contudo, em escalas menores do que cerca de um bilhão de anos-luz, e em nossa vizinhança cósmica, ele parece diferente, caracterizado por condensações de matéria em superaglomerados, e por vazios. O conhecimento preciso dessas estruturas é muito importante para a pesquisa cosmológica e a principal motivação para mapear o Universo próximo.

Descoberta a maior superestrutura já vista no Universo
Representação tridimensional da superestrutura Quipu.
[Imagem: MPE]

Quipu

Os cientistas batizaram sua descoberta de "Quipu", um termo da língua dos Incas. Os Incas usavam feixes de cordas com nós para sua contabilidade e como letras. A superestrutura se assemelha a essa escrita antiga, aparecendo como uma longa fibra com fios laterais entrelaçados. Além disso, a maioria das medições de distância dos aglomerados de galáxias foi feita no Observatório Europeu do Sul, no Chile, e a maioria dos quipus está em exposição no Museu Arqueológico de Santiago.

Essa estrutura consiste em 68 aglomerados de galáxias e tem uma massa total estimada em 2,4 x 1017 massas solares, com um comprimento de cerca de 1,4 bilhão de anos-luz. Isso quebra o recorde de tamanho de todas as estruturas cósmicas medidas de forma confiável. A maior delas até agora, a Grande Muralha de Sloan, por exemplo, tem um comprimento de cerca de 1,1 bilhão de anos-luz e está localizada muito mais longe.

"Se você observar a distribuição dos aglomerados de galáxias no céu em uma concha esférica com uma distância de 416 a 826 milhões de anos-luz, você imediatamente notará uma estrutura enorme que se estende de altas latitudes ao norte até quase o extremo sul do céu," explicou Hans Bohringer, do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre.

Descoberta a maior superestrutura já vista no Universo
Foto do telescópio espacial Euclides mostra cerca de mil galáxias que formam um único aglomerado de galáxias, o Aglomerado Perseu. Muitos desses aglomerados juntos formam as maiores estruturas do Universo, que lembram uma rede.
[Imagem: ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA/J.-C. Cuillandre, G. Anselmi]

Crucial para conhecer a estrutura do Universo

Embora o telescópio que fez as observações tenha deixado de funcionar há mais de uma década, os astrônomos têm trabalhado nos dados desde então. Durante todo esse tempo, a maior parte do trabalho consistiu sobretudo em identificar os aglomerados de galáxias com mais precisão e determinar suas distâncias.

Isso resultou em uma imagem tridimensional de sua distribuição, na qual os aglomerados de galáxias traçam precisamente a estrutura da distribuição em larga escala da matéria no Universo, assim como faróis traçam um litoral. O catálogo cobre todo o volume cósmico até uma distância de um bilhão de anos-luz.

Nesta região, a nova estrutura parece muito maior do que todas as outras estruturas.

Esta descoberta é crucial para mapear o Universo, mas também para medições cosmológicas. Os pesquisadores demonstraram como a presença dessas estruturas afeta a medição da constante de Hubble ou da radiação de fundo de micro-ondas, também conhecida como "eco do Big Bang".

A radiação cósmica de fundo foi criada logo após o Big Bang e nos dá pistas importantes sobre a estrutura e a evolução do Universo. A constante de Hubble indica a taxa de expansão atual do Universo. "Mesmo que sejam apenas correções de alguns por cento, elas se tornam cada vez mais importantes à medida que a precisão das observações cosmológicas aumenta," disse Gayoung Chon, membro da equipe.

Bibliografia:

Artigo: Unveiling the largest structures in the nearby Universe: Discovery of the Quipu superstructure
Autores: Hans Boehringer, Gayoung Chon, Joachim Truemper, Renee C. Kraan-Korteweg, Norbert Schartel
Revista: Astronomy & Astrophysics
Vol.: Forthcoming article
DOI: 10.1051/0004-6361/202453582
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