Redação do Site Inovação Tecnológica - 13/03/2023
Energia do hidrogênio ambiente
Uma nova enzima recém-descoberta permite gerar eletricidade apenas entrando em contato com o ar ambiente.
Embora existam células a combustível que convertem hidrogênio em eletricidade, a enzima consegue criar uma corrente elétrica mesmo em contato com as baixas concentrações de hidrogênio da atmosfera.
A enzima, chamada Huc, foi extraída de uma bactéria comum do solo, a Mycobacterium smegmatis.
"Já sabemos há algum tempo que as bactérias podem usar os traços de hidrogênio no ar como fonte de energia para ajudá-las a crescer e sobreviver, inclusive em solos antárticos, crateras vulcânicas e no oceano profundo. Mas nós não sabíamos como elas faziam isso, até agora," disse o professor Chris Greening, da Universidade Monash, na Austrália.
E agora eles sabem que a bactéria faz isso usando a enzima Huc, que os pesquisadores Ashleigh Kropp e Rhys Grinter conseguiram isolar.
"A [enzima] Huc é extraordinariamente eficiente. Ao contrário de todas as outras enzimas e catalisadores químicos conhecidos, ela consome até mesmo hidrogênio abaixo dos níveis atmosféricos - apenas 0,00005% do ar que respiramos," contou Grinter.
Energia do ar
Os pesquisadores usaram vários métodos de ponta para elucidar o modelo molecular da oxidação do hidrogênio atmosférico feito pela Huc. A microscopia crioeletrônica ajudou a determinar a estrutura atômica e as vias elétricas da enzima - na verdade, a equipe criou o mapa mais detalhado de uma enzima já feito por essa técnica até hoje.
Uma outra técnica, chamada eletroquímica, foi usada para demonstrar que a enzima purificada cria eletricidade sob concentrações mínimas de hidrogênio.
Agora começam os trabalhos visando a utilização prática da enzima, com a equipe apontando a possibilidade de criar equipamentos alimentados pela "energia do ar", em lugar da energia solar, por exemplo.
Os primeiros resultados foram animadores: "Ela é surpreendentemente estável. É possível congelar a enzima ou aquecê-la a 80 graus Celsius, e ela retém seu poder de gerar energia," contou Kropp.
O primeiro passo consistirá em produzir a enzima em grandes quantidades, para que ela possa ser usada em testes fora do laboratório.