Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/07/2024
Túnel de lava na Lua
Uma equipe de pesquisadores dos EUA e da Itália acredita ter encontrado a primeira prova concreta da existência de uma caverna em formato de túnel no subsolo da Lua.
Há muito tempo que os geólogos e astrofísicos preveem a existência na Lua de cavernas formadas por antigos derramamentos de lava - por isso eles são chamados de "túneis de lava". Mas até agora ninguém havia conseguido provar sua existência.
Já são conhecidos mais de 200 poços na superfície da Lua, alguns dos quais, batizados de claraboias, são formados por desmoronamentos de um tubo de lava abaixo.
E túneis de lava reais seriam muito bem-vindos porque podem oferecer um abrigo potencial para futuras missões tripuladas à superfície lunar, já que devem ter um ambiente mais temperado do que a superfície. No entanto, não é certo se essas claraboias fornecem acesso a cavernas com volumes subterrâneos significativos, ou se são meramente poços, que não garantem uma proteção adequada.
Leonardo Carrer e seus colegas acreditam ter encontrado a evidência do primeiro túnel de lava analisando dados da sonda lunar LRO (Lunar Reconnaissance Orbiter), que começou a mapear a Lua há cerca de 15 anos, graças a rasantes a apenas 50 km da superfície.
"Em 2010, como parte da missão LRO da NASA, o instrumento Mini-RF (Miniature Radio-Frequency) capturou dados que incluíam um poço no Mar da Tranquilidade. Anos depois, reanalisamos esses dados com técnicas complexas de processamento de sinais que desenvolvemos recentemente, e descobrimos reflexões de radar na área do poço que são melhor explicadas por um conduíte de cavernas subterrâneas. Esta descoberta fornece a primeira evidência direta de um tubo de lava acessível sob a superfície da Lua," disse Lorenzo Bruzzone, da Universidade de Trento.
"Graças à análise dos dados conseguimos criar um modelo de uma parte do conduíte," acrescentou Carrer. "A explicação mais provável para as nossas observações é um tubo de lava vazio."
Abrigo para astronautas
A equipe analisou dados do Poço do Mar da Tranquilidade, que é o poço mais profundo conhecido na Lua, com um raio de aproximadamente 100 metros, paredes verticais ou salientes e piso inclinado.
Os registros mostram um aumento no brilho do radar no lado oeste do poço. Usando simulações computadorizadas, a equipe concluiu que estas observações podem ser explicadas pela presença de um vazio de caverna ou conduíte que se expande a partir do lado oeste do fundo do poço. Eles estimam que o conduíte esteja localizado a uma profundidade entre 130 e 170 metros, e tenha de 30 a 80 metros de comprimento e cerca de 45 metros de largura. A caverna também é potencialmente plana ou inclinada em no máximo 45 graus, e provavelmente acessível.
Se as conclusões da equipe puderem ser confirmadas por futuras sondas que pousem na Lua, esta descoberta tem importância crucial para o desenvolvimento de missões à Lua, onde o ambiente é hostil à vida humana: As temperaturas da superfície no lado iluminado da Lua podem atingir 127 °C, enquanto as temperaturas no lado não iluminado podem cair para -173°C.
A radiação cósmica e solar também são fortes, podendo ser até 150 vezes mais fortes na superfície lunar do que as que experimentamos na Terra. Também é preciso considerar a ameaça constante de impacto de meteoritos, que na Terra simplesmente se queimam na atmosfera.
Estas condições mostram a importância de encontrar locais seguros para a construção de infraestruturas que possam servir de suporte para a exploração da Lua. Cavernas oferecem uma ótima solução para esse problema. Ou seja, talvez os primeiros humanos na Lua também sejam homens das cavernas.