Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/12/2022
Vida sintética
A origem de todos os movimentos biológicos, incluindo caminhar, nadar ou voar, pode ser rastreada até os movimentos das células. Mas o assunto acaba por aí porque temos pouco a dizer sobre como a motilidade das células surgiu na evolução.
A estudante Hana Kiyama, da Universidade da Cidade de Osaka, no Japão, teve então uma ideia: Pegar uma célula e ir eliminando dela todas as partes até que ficasse apenas o mínimo necessário para que ela se movesse.
Isso pode dar uma ideia de como a natureza construiu esses geradores de movimento no sentido inverso, de baixo para cima.
Kiyama chegou a sete proteínas, que os cientistas acreditam estarem diretamente envolvidas em permitir que a bactéria Spiroplasma nade. Ela então usou engenharia genética para inserir essas sete proteínas em uma bactéria sintética, chamada syn3.
A syn3 - é a versão 3.0 de uma bactéria sintética, construída em laboratório - foi projetada e sintetizada quimicamente para ter o menor DNA genômico possível, incluindo o mínimo de informação genética essencial necessária para seu crescimento. Ela foi sintetizada a partir dos menores genomas das bactérias Mycoplasma, que ocorrem naturalmente.
Menor ser vivo móvel
A syn3 geneticamente reprojetada mudou de sua forma esférica normal para uma hélice em espiral, que foi capaz de nadar invertendo a direção da hélice, exatamente como a Spiroplasma.
A equipe foi além, e então começou a cortar as proteínas adicionadas, até ver o que seria o mínimo necessário para o movimento. Eles descobriram que apenas duas das proteínas recém-adicionadas são necessárias para tornar a syn3 capaz de nadar minimamente.
"Pode-se dizer que a nossa syn3 nadadora é a 'menor forma de vida móvel' com a capacidade de se mover por conta própria.
"Estudar a menor bactéria do mundo com o menor aparato motor funcional pode ser usado para desenvolver o movimento de microrrobôs que imitam células ou motores baseados em proteínas," disse o professor Makoto Miyata.