Redação do Site Inovação Tecnológica - 01/07/2010
Cientistas criaram um novo tipo de cortina de proteção que, quando esticada, torna-se mais grossa, e não mais fina.
Cortina antibomba
A nova cortina foi projetada para resistir ao impacto e capturar destroços de explosões e acidentes, como os vidros de uma janela ou da fachada de um prédio que se quebram durante tempestades muito fortes, ou mesmo de um carro-bomba.
Já existem no mercado cortinas de proteção com o mesmo objetivo. Fabricadas com malhas grossas e pesadas, contudo, elas ainda dependem de filmes aplicados sobre os vidros para evitar estilhaços.
O objetivo dos pesquisadores foi eliminar a necessidade de cobertura dos vidros e das paredes com filmes antiestilhaços, facilitando o uso da nova cortina também em situações de emergência, por bombeiros e esquadrões antibomba.
Material auxético
O segredo da nova cortina está nas fibras com que ela é tecida.
Uma fibra elástica funciona como núcleo do fio, ao redor da qual é enrolado um fio muito resistente e rígido. Quando este fio mais duro é posto sob tensão, ele se endireita. Isso faz com que a fibra elástica projete-se para fora, efetivamente aumentando o diâmetro do fio.
Cientificamente falando, o fio é um material auxético - um tipo de material que fica mais grosso quando é esticado.
A forma como os fios auxéticos são tecidos para formar a cortina também auxilia na sua capacidade de se tornar mais grossa quando recebe um impacto externo que tende a esticá-la.
A extensão do efeito auxético é determinada pelo ângulo exato em que o fio rígido é enrolado em torno da fibra elástica, e também pela relação de rigidez e diâmetro entre os dois.
Alterando estes parâmetros, é possível ajustar com precisão o desempenho do tecido resultante, tornando-o adequado para aplicações específicas - por exemplo, para suportar diferentes níveis de explosão ou impacto.
Ondas de choque
Outra característica fundamental da nova cortina é que, quando esticada, abrem-se pequenos poros em sua superfície. Além de serem pequenos demais para permitir a passagem de detritos e estilhaços, esses poros são projetados para deixar passar as ondas de choque de uma explosão. Isto reduz a força a que a cortina é submetida, diminuindo a probabilidade de que ela se rasgue.
Com apenas 1 a 2 milímetros de espessura, a cortina antiexplosão também pode ser fabricada de modo a permitir a passagem de uma quantidade razoável de luz natural.
Os testes comprovaram que o tecido auxético resiste a um impacto equivalente à explosão de um carro-bomba.
Curativos e fios dentais
Mas o tecido auxético também pode ser usado em aplicações menos explosivas.
Por exemplo, curativos feitos com o mesmo design resistirão muito melhor ao movimento do paciente. Os poros do material, além de permitirem uma melhor respiração do local afetado, poderão ser preenchidos com antibióticos, que serão liberados aos poucos.
Fios dentais que engrossam quando são esticados também poderão fazer uma limpeza mais eficaz do espaço entre a base dos dentes.
Lonas de proteção em áreas sujeitas a enchentes e deslizamentos são outra aplicação proposta pelos engenheiros da Universidade de Exeter, no Reino Unido, que estão desenvolvendo o novo material, que deverá ser comercializado pela empresa emergente Auxetix Ltd., criada pelos pesquisadores.